NINGUEM É UMA EQUIPE COMPLETA.
ABUSO DO CREDITO
Tenho comentado ultimamente a perigosa escalada dos financiamentos e do crédito no país.
Não é preciso ser nenhum doutor em economia para entender e compreender que o abuso do crédito é sempre muito perigoso.
E o crédito se expandiu de tal forma no seio da nossa população que se tornou abusivo.
É só ver, neste jornal, todos os dias, as centenas de pessoas que têm títulos protestados. São milhares por mês. Tudo isso pelo abuso do crédito. E são pessoas de Maringá. Imagine no resto do país.
Segundo o BC no Paraná são mais de três milhões.
Comprar carro, eletrodoméstico, viajar, tudo ficou fácil demais e ao alcance de qualquer um.
As empresas de cartões de credito e de financiamento oferecem cartões na rua, nas esquinas, na porta das lojas, na entrada dos bancos.
E o povão, ignorante por natureza, não se importa com o custo do dinheiro, com os juros embutidos nas compras a prazo, no valor total do bem.
Tenho possibilidade de ganhar para pagar depois – pego mesmo. Pensa o tomador.
É a grande oportunidade de andar de carro, de ver televisão de plasma e de quarenta polegadas, de conhecer Maceió, Fortaleza, Rio de Janeiro.
Pago depois, se der, claro.
ANTECIPAÇÃO DE RECEITA
O crédito é a antecipação de receita para quem não tem como comprar um determinado bem.
Infelizmente, as empresas de crédito não orientam aos tomadores sobre o custo final.
O que importa é vender.
Receber é outro problema que se entrega à justiça ou as empresas de cobrança.
No entanto, quando o crédito se expande em demasia o risco aumenta, os juros sobem, a euforia é geral, mas, as conseqüências desastrosas.
Foi exatamente isso que aconteceu nos Estados Unidos quando se expandiu demais o crédito para compra de imóveis chamados de segunda mão.
Houve uma valorização exacerbada desses imóveis e a capacidade de pagamento dos tomadores chegou ao limite suportável. Daí para a quebradeira das financeiras e bancos, um passo apenas.
No Brasil estamos caminhando celeremente para a impossibilidade de cumprimento das obrigações pelos tomadores de crédito.
Repito: é só ver a lista diária dos títulos enviados aos cartórios de protestos.
Ou as ações tramitando na justiça para a busca e apreensão de veículos financiados e não pagos.
Aumentar o crédito dá muito voto na hora da eleição.
Mas, dá uma dor de cabeça danada na hora do recebimento.
Vejam os exemplos dos grandes bancos de financiamento.
O BV foi vendido para o BB.
O Panamericano tem que ser socorrido pelo governo para não quebrar.
DUAS MEDIDAS
Se for verdade que a expansão do crédito deu oportunidade de a classe C comprar de tudo com financiamento, fez com que a massa de devedores aumentasse em demasia.
Basta lembrar que, segundo dados do Banco Central, em 2006 havia cinco milhões de pessoas devendo cinco mil reais ou mais.
Hoje, são vinte e cinco milhões os devedores.
Uma expansão numa velocidade inimaginável para qualquer pessoa de bom censo.
Se por um lado o aumento da classe consumidora contribuiu para o crescimento da industria e do comercio, aumentou também, na mesma proporção, o numero de devedores com o nome sujo.
Esse é um dos problemas que o novo governo terá de enfrentar com sabedoria e destemor.
GENTE BOA DEMAIS
Foram enterrados ontem os corpos de dois amigos que eram gente boa demais.
Luiz Turchiari Junior vitima de um acidente vascular cerebral e Emir Alan de Campos, vitima de um acidente onde morreu também a Galega, sua mulher e uma neta.
Maringá perdeu dois pioneiros de grande valor ético e moral.
Vou comentar fatos acontecidos com eles em artigos posteriores.
Por enquanto apenas o lamento sincero.