A VIDA É CHEIA DE EMBARQUES E DESEMBARQUES
MEMORIAS DE UM BOM SUJEITO
Em 1964 um fato inédito em Maringá: apenas um dos quinze vereadores eleitos em 1960, conseguiu se reeleger – Kazumi Taguchi pelo PSD.
Foi também nesta eleição que nasceu para a vida pública, um dos nomes mais respeitáveis, na historia de Maringá: o professor Renato Bernardi que lecionava no Colégio Gastão Vidigal era muito jovem e querido pelos seus alunos.
Disputou pelo PDC partido do então governador Ney Braga e que elegeu a maior bancada com cinco dos quinze eleitos.
Renato Bernardi homem culto e inteligente mantinha na câmara uma postura independente e defendia suas idéias pessoais e cristãs.
Com o fim dos partidos e o nascimento de apenas dois – Arena e MDB – ingressou no de oposição, mantendo, contudo, a mesma postura independente e acima de tudo, consciente.
Era um vereador que merecia o respeito de todos e esse respeito fez dele o candidato a vice-prefeito na eleição de 1968. Foi determinante na vitória de Adriano Valente.
Assumiu a secretaria de educação municipal, realizando um trabalho magnífico e cheio de realizações.
Em 1970 Haroldo Leon Peres foi nomeado governador do Paraná pelo presidente Garrastazu Médici.
Essa nomeação fez com que Adriano Valente e todos seus secretários trocassem o MDB pela Arena. Todos menos Renato Bernardi. Ele se recusou. Preferia permanecer no partido que o elegeu e continuar candidato que já era à Assembléia Legislativa.
Elegeu-se com folga ao lado de Wilson do Amaral Brandão o vereador mais votado em 68 e de Jorge Sato.
Na Assembléia conquistou o respeito de seus pares e a admiração dos paranaenses pela postura independente e consciente: oposição responsável.
Isso contribuiu para que na eleição de 1978, outro fato inédito acontecesse: Maringá reelegeu todos os seus deputados.
Adriano Valente e Walber Guimarães para a Câmara Federal e Renato Bernardi, Antonio Facci, Luiz Gabriel Sampaio e Walter Pietrangelo para a Assembléia.
A partir daí Renato passou a costurar a sua eleição para a Câmara e na eleição seguinte, em 1982, elegeu-se pelo PMDB, reelegendo-se em 1986 naquela que seria a Assembléia Nacional Constituinte que fez a Constituição de 88.
Renato ficou decepcionado com o texto aprovado por deputados e senadores.
Dizia que se encheu demais uma constituição que deveria ter apenas o necessário, ser mais enxuta e de forma a que todo brasileiro pudesse conhecê-la.
A gente conversava muito e numa dessas conversas em uma das visitas que sempre fazia à Rádio Atalaia ele se dizia decepcionado com o líder maior do seu partido, Ulisses Guimarães.
Bernardi entendia que a figura de Ulisses e o nome respeitável que tinha, dava para fazer muito mais do que foi feito ao se elaborar a constituição, que no seu entender, ficou demagógica e longa ao extremo.
“Incumprivel” como ele costumava dizer.
Essa decepção fez com que ele perdesse o foco necessário para disputar outra eleição e ele acabou – sem excitação – perdendo a eleição seguinte que foi a ultima.
Renato Bernardi deixou seu nome na historia da cidade.
Foi um bom sujeito, um excelente professor, um político de respeito e que respeitava as pessoas.
No próximo dia 26 vai fazer quatorze anos da sua morte.
E ele merece ser lembrado.
SENADOR REALISTA
O senador Reditário Cassol – PP – veja bem o nome dele – fez uma manifestação em plenário que chocou uma grande parte dos nobres pares: reeducar os prisioneiros à base do chicote.
Nada de pagar pensão para os filhos de prisioneiros – recebem mais de setecentos reais cada um quando os pais estão presos – e ensinar que roubar e matar e crime e feitores com chicotadas devem ensinar isso a eles.
A idéia é medieval, mas merece um estudo aprofundado.
Chicotear bandido não vai resolver.
Mas, impedir que bandidos recebam visitas intimas e tenha relacionamento isso deveria acontecer. Afinal se engravidarem suas acompanhantes quem vai tratar não serão eles, mas a sociedade.
Fazer o preso trabalhar – de preferência em trabalho pesado – seria o mais correto e eficiente.
Esse negócio de bandido receber casa e comida de graça e ainda quando tem filhos, receber ajuda financeira é cômodo demais.
Um assassino qualquer com dois filhos, ganha preso mais que um trabalhador braçal que dá duro, dez horas por dia.
A manifestação esdrúxula do senador Reditario merece um estudo aprofundado do sistema prisional no Brasil.
E, é exatamente no Congresso Nacional que se deve discutir o assunto.
MAIS DENUNCIAS
As denúncias de corrupção em todos os níveis governamentais não mais causa revolta de ninguém.
O governo da presidente Dilma já afastou cinco ministros.
Um por falar demais e outros quatro por corrupção.
O que é grave: os quatro retornaram aos seus postos de deputados e senadores como se nada tivesse acontecido.
A vida continua e os mesmos continuam fazendo o mesmo de sempre.
É por isso que o povo está desenganado com os políticos.
Não merecem respeito mesmo.
E, quando as denuncias chegam à porta da casa, envolvendo vereadores e secretários municipais, ai a gente se sente atingido.
É quem conhecemos os vereadores e os secretários e a cada denúncia parece que a gente é atingida, também.
Mas, é bom lembrar: ano que vem tem eleições municipais e podemos com o nosso voto mudar os rumos da nossa cidade e de nossos políticos.
Só depende da consciência de cada um de nós na hora de votar.
A MAIOR PERDA É O QUE MORRE DENTRO DE NÓS ENQUANTO VIVEMOS