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Gloria Estefan faz reeleitura de músicas do Brasil

O Brasil já é um velho conhecido da cantora e compositora cubana Gloria Estefan. Sobretudo quando o assunto é música.

E agora ela dá mais um passo nessa estreita aproximação em seu novo álbum, Brazil305, que chega às plataformas digitais, com releituras de O Homem Falou, de Gonzaguinha, em inglês e espanhol, e de Magalenha, de Carlinhos Brown, além de sucessos como Conga, batizado de Samba no novo repertório, e Rhythm Is Gonna Get You (ambos de seus tempos como líder do Miami Sound Machine), gravados com instrumentação de samba.

Antes de avançar no novo trabalho, o primeiro em sete anos, Gloria busca suas referências nas memórias afetivas. “Minha primeira influência de música brasileira foram os discos da minha mãe: Elis Regina, Chico Buarque, Sergio Mendes. Sergio é uma grande influência para mim, e também influenciou como nomeei esse disco, porque toquei (o álbum) Brasil’ 66 tantas vezes, comprei três cópias diferentes”, conta a artista, de sua casa em Miami, nos EUA, em entrevista ao Estadão, por videochamada. Ela lembra também de antigo álbum, com o Miami Sound Machine, em que já havia feito versões de canções brasileiras. “Em 1983, fizemos um disco chamado Rio, em que escrevi em espanhol músicas de Rita Lee – Baila Conmigo (versão de Lança Perfume), que foi um grande sucesso para nós na América Latina -, Baby Consuelo, Wilson Simonal.”

Brazil305 já estava pronto, mas aguardando a oportunidade certa para ser lançado. “Originalmente, íamos lançar em 2017, mas minha mãe ficou doente e morreu, e eu não pude cantar. Tive de esperar mais de um ano para me sentir ok em colocar a alegria que eu queria nesse disco”, conta ela. Os protestos pelos EUA desencadeados pela morte de George Floyd, após ser sufocado por um policial branco, também fizeram adiar a data de lançamento do disco. “Então, eu disse, ok, precisamos de alguma alegria, alguma felicidade, algum sorriso, vamos lá, vamos lançar”, afirma. “Como todo mundo, estou tentando estar positiva, mantendo a alegria viva de alguma forma.”

No novo disco, Gloria faz uma conexão entre Brasil e Cuba – e a raiz africana compartilhada pelos dois países -, mas é o samba que se impõe como sonoridade protagonista. O ritmo permeia grande parte das 18 faixas – 4 originais e 14 hits da carreira -, com participação importante de músicos brasileiros na ‘cozinha’ e arranjos de percussão de Laércio da Costa. Para ela, assim como a bossa-nova, o samba representa o Brasil. “O samba me lembra Conga, que foi meu grande sucesso, e em Cuba temos também Carnaval”, comenta. “Compartilhamos várias coisas”, completa ela, chamando atenção em especial para um instrumento que não é usado na música cubana: a cuíca. “Amo cuíca, a propósito. Para mim, soa como se o instrumento chorasse.”

Foto – Reprodução

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