Os Correios iniciaram ontem uma greve nacional por tempo indeterminado devido à falta de acordo sobre reajustes salariais e reduções em direitos trabalhistas. Objetivo também se posicionar contra a privatização da estatal em fase de análise pelo Governo Federal. Em Maringá, diretores do sindicato que representa os trabalhadores seguem o movimento.
Por conta da pandemia, não haverá concentração em frente às agências, o que dificulta saber o tamanho da adesão a greve. A diretora sindical, Izabel Peliçon, informou que foi passada uma lista de nomes e matrículas dos trabalhadores para ter uma dimensão da paralisação no município. Na manhã de ontem, houve apenas uma reunião em frente às centrais de distribuição e triagem.
Em Mandaguari, Cafezal, Cidade Gaúcha, a adesão gira em torno de 80% dos funcionários; Sarandi tem 100% dos carteiros ausentes. Essa paralisação já estava sendo sinalizada há algumas semanas, já que não havia acordo entre sindicatos da categoria, Telégrafos e Similares (FENTECT), a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e o Governo.
A categoria denuncia o corte de 70 benefícios da classe, como vale-alimentação, auxílio-creche e reduções de até 30% no adicional de risco. Também reclamam de pagamentos com descontos indevidos e um aumento na parcela a ser paga por planos de saúde. Desde julho, os funcionários dos Correios denunciam falta de equipamentos de proteção individual contra o coronavírus.
Por meio de nota, os Correios informaram que “não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando os vencimentos dos empregados conforme contracheques que comprovam tais afirmações. Sobre as deliberações das representações sindicais, os Correios ressaltam que a possuem um Plano de Continuidade de Negócios, para seguir atendendo à população em qualquer situação adversa.”
O texto segue dizendo que “desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.”
De acordo com os Correios, a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período, 10 vezes o lucro obtido em 2019. Portanto, seria uma proposta impossível de ser atendida.
Victor Cardoso
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