A cooperativa C.Vale, uma das maiores do Paraná, anunciou nesta quarta-feira (23) investimento de R$ 552 milhões na implantação de uma esmagadora de soja no seu complexo industrial em Palotina, no Oeste do Estado. Serão gerados 70 empregos diretos e, pelo menos, o dobro em indiretos, principalmente na cadeia logística. O protocolo de adesão ao programa de incentivo fiscal do Governo do Estado, que prevê a concessão de tratamento tributário diferenciado, foi assinado no Palácio Iguaçu pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior e pelo presidente da C.Vale, Alfredo Lang.
A nova unidade, capaz de processar 2,5 mil toneladas de soja por dia e produzir óleo e farelo, será fonte para a fabricação de ração. A indústria agregará mais um elo na cadeia produtiva da cooperativa, uma vez que ela deixará de adquirir esses insumos para abastecer a sua produção de carnes (frango, suíno e peixe), passando a ter excedente, inclusive, para comercializar a terceiros. Essa nova planta também auxiliará os cooperados e diminuirá, no médio prazo, os seus custos de produção.
“Assinamos um investimento de mais de meio bilhão de reais com a C.Vale, uma das maiores cooperativas da América Latina. E esse investimento acontece em um momento que o Brasil precisa tanto, estamos passando por uma prova de fogo com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus”, disse o governador. “Temos o agronegócio mais sustentável do mundo, o Paraná e a C.Vale são exemplos disso. E estamos felizes por unir esse novo investimento e gerar novos empregos”, afirmou.
A esmagadora ficará no complexo industrial da C.Vale. As obras devem começar em 2021, com conclusão prevista para 2023. Ela já será projetada com possibilidade de ampliação para processar até 3 mil toneladas/dia. Quando alcançar a capacidade plena de operação, o consumo de soja será de 50 mil sacas/dia.
Alfredo Lang explicou que esse projeto responde a um sonho de quase 50 anos dos cooperados. A C.Vale optou por auxiliar os produtores a fixar seus negócios no campo, gerar novos empregos e diversificar a produção, e agora complementa a cadeia da produção com essa indústria. “É um sonho antigo da C.Vale. Vamos extrair farelo e óleo, e boa parte desse farelo será consumida pelos produtores de frango, peixes e suínos. Estamos fechando a cadeia. Ela trará melhores condições de competitividade aos nossos produtores, que competem com todo o mundo no comércio de carnes”, explicou o presidente da cooperativa.
A C.Vale responde sozinha por cerca de 2% de toda a produção de soja do Brasil. Desse grão se extrai 20% em óleo e 80% em farelo, ou seja, é possível desdobrá-lo em vários produtos e o objetivo da cooperativa, além da ração para os animais, é ampliar o leque do refino do óleo para produzir margarina, maionese e outros produtos.
“Traçamos o futuro da cooperativa com crescimento da atividade de suíno, frango e peixe, e dos grãos, e tudo de forma sustentada, integrada, em que o produtor passa a participar também da produção, gerando mais renda”, explicou Lang. “A tendência é crescer nos próximos anos porque mesmo os pequenos produtores podem tornar suas propriedades muito rentáveis com esse sistema cooperado”.
COOPERATIVA – A C.Vale, fundada em 1973, é uma das maiores cooperativas agrícolas paranaenses, presente no Paraná e em outros cinco estados, com atividades também no Paraguai. A cooperativa conta atualmente com 155 unidades e congrega mais de 23 mil associados e 11,8 mil funcionários.
Ela está presente em 102 municípios, com unidades em 29 municípios: Campo Mourão, Umuarama, Goioerê, Alto Piquiri, Brasilândia do Sul, Francisco Alves, Guaíra, Terra Roxa, Palotina, Nova Santa Rosa, Maripá, Assis Chateaubriand, Mamborê, Campina da Lagoa, Nova Cantu, Roncador, Clevelândia, Guarapuava, Curitiba, Turvo, Pitanga, Manoel Ribas, Jardim Alegre, São João do Ivaí, Quinta do Sol, Sarandi, Floresta, Doutor Camargo, Terra Boa e São Jorge do Ivaí.
A cooperativa atua na produção de grãos, com destaque para a soja, milho, trigo e mandioca, além da produção de leite, frango, peixe e suínos. Na área industrial, produz amido modificado de mandioca e rações, que são utilizadas nas produções de seus associados de frango, peixe e suínos. Também possui oito supermercados.
A C.Vale mantém sistemas integrados que produzem, atualmente, 620 mil frangos/dia, por exemplo. A cooperativa domina todos os processos produtivos, da alimentação à industrialização do frango. Essa condição permitirá que a C.Vale tenha um sistema de rastreabilidade capaz de monitorar e controlar todos os procedimentos da avicultura, como o uso de agroquímicos nas lavouras, fornecimento de medicamentos e manejo dos animais. Parte da produção de peito de frango abastece a rede McDonald’s da China, da Rússia, de países da Europa e da América do Sul.
Em suas projeções para as próximas três décadas, a C.Vale pretende ampliar o complexo agroindustrial de Palotina, saltando de 74 mil metros quadrados para 321 mil metros quadrados, com a expectativa de alcançar cerca de 23 mil empregos diretos. Ela abastece a maioria dos estados brasileiros e exporta para mais de 70 países, e dobra de tamanho a cada quatro anos.
COOPERATIVISMO – O presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, destacou que esse investimento ajudará o sistema cooperativo na programação do PRC-200, plano estratégico que prevê R$ 200 bilhões de faturamento do setor nos próximos anos. Ele ainda será formatado e o lançamento oficial acontecerá em abril de 2021, na Assembleia Geral da entidade, quando o sistema completa 50 anos. Ele será uma atualização do PRC-100, de 2015, e que terá fim neste ano, quando as cooperativas paranaenses ultrapassarem faturamento de R$ 100 bilhões.
O sistema cooperativo responde por 60% da produção de grãos e 45% da indústria de carnes e lácteos no Paraná, e 84,6% do sistema cooperativo é concentrado na produção de alimentos. As 112 unidades agroindustriais das cooperativas e os 2,6 milhões de cooperados ajudaram o Produto Interno Bruto (PIB) estadual a crescer 2,3% no primeiro trimestre de 2020, mesmo diante dos impactos da pandemia. O segmento agroindustrial, responsável por cerca de 34% da fatia da geração de riquezas da economia do Estado, cresceu 14,96% nesse mesmo período.
“Investir no cooperativismo é estratégico para o Estado. Mesmo na pandemia contratamos 6.656 pessoas, e mais de seis mil produtores entraram nas cooperativas. Transformar grãos em proteína animal, como a C.Vale está propondo, é fundamental para o Paraná e para a nossa economia. Metade da nossa produção ainda dá para ser transformada, industrializada, é o caminho que planejamos seguir”, afirmou Ricken.
Apesar da crise provocada pelo novo coronavírus, o setor que envolve agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura registrou 86.217 novos empregos no País entre janeiro e julho deste ano (série com ajustes sazonais, que incorpora as declarações entregues fora do prazo), crescimento de 5,8% em relação ao ano anterior.
PRESENÇAS – Estiveram presentes na assinatura o vice-governador, Darci Piana; os secretários Rene Garcia Junior, da Fazenda, Norberto Ortigara, da Agricultura e Abastecimento, Marcel Micheletto, de Administração e Previdência, e Márcio Nunes, do Desenvolvimento Sustentável e Turismo; o diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin; o diretor de Desenvolvimento Econômico, Mercado, Novos Negócios e Relações Internacionais, Giancarlo Rocco, e o gerente de Mercados e Novos Negócios da agência, Nikolas Duarte Rosa; o diretor de Assuntos Econômicos-Tributários da Secretaria da Fazenda, Gilberto Calixto; e o chefe do Departamento de Incentivos Fiscais da Secretaria da Fazenda, João Marcos de Souza.
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AEN
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