Os angolanos teriam ido no domingo conversar com o dono da cervejaria mas acabaram trocando socos e pontapés com o segurança que se identificou como ex-policial militar.
A Polícia Civil trabalha com a hipóteses de crime de racismo, além de lesões corporais, mas diante das imagens que recebeu e analisa, investiga também a briga que ocorreu no dia seguinte às agressões sofridas por dois angolanos, arrastados pelos pés para fora do estabelecimento. A suspeita de crime de racismos surgiram depois que o ex-policial postou vídeo usando expressões racistas e ameaçando os angolanos: ‘Vocês vão ver o satanás’.
As imagens que a Polícia tem em mãos mostram o momento em que os angolanos eram agredidos e depois, arrastados para fora da cervejaria no sábado a noite. Domingo eles voltaram ao local com alguns amigos para conversar com o dono e houve outra discussão e desforço físico, novamente envolvendo o segurança Nilson Roberto Pessuti Filho, identificado como como ex-policial militar.
Na briga do domingo, as imagens ora analisadas pela polícia, mostram os estrangeiros trocando socos e ponta pés com o segurança que, em determinado momento, cai e leva vários chutes. Em depoimento, um dos angolanos disse ter sido perseguido e ameaçado por Nilson: “Ele começou a xingar nossa mãe, xingar nossos pais, confundindo nessas identidades. Não sei o que ele tem contra o nosso povo”. Pessuti teria dito no vídeo que postou na Internet: “Esses vagabundos, não importa se são negros, angolanos, haitianos, vieram lá da terra deles, para causar confusão. Se algum dos meus for prejudicado por causa desses marginais, aí vocês vão ver o satanás”. Na briga do sábado, as imagens mostram os dois angolanos apanhando de cinco homens no interior da cervejaria.
O delegado Diego Almeida, que investiga o caso , disse que analisa se as ameaças do segurança tem conotação racista. “Se essa motivação tem uma conotação racista ou não. Se tiver comprovado isso, também tem um outro crime de racismo, que a gente deverá avaliar e apurar nesse sentido”, explicou o delegado Diego de Almeida.
Um representante da Associação dos Estrangeiros Residentes na Região Metropolitana de Maringá disse que pediu apoio a outros órgãos para acompanhar as investigações. “A gente está envolvendo inclusive o consulado da Angola, que a gente está vendo se eles conseguem mandar algum representando para acompanhar. Tem o Conselho Municipal de Igualdade Racial que está envolvido acompanhando a situação e a gente conversou com a presidente da OAB, que delegou o pessoal da Comissão de Direitos Humanos para acompanhar o caso também”, comentou Ronelson Furtado.
A polícia ouviu na quarta-feira (11) o grupo de angolanos, entre eles os dois primos agredidos. O dono do estabelecimento reconhece que houve a confusão e as agressões mas nega que o fato tenha alguma conotação racial. Ele disse que seus funcionários passaram a receber ameaças e inclusive apresentaram queixa na delegacia. Já o policial Nilson Roberto Perssuti Filho, disse em entrevista à RPC que foi mal interpretado e que em nenhum momento quis ser racista. A live em que ele aparece fazendo as declarações foi retirada do ar.
Redação JP
Foto – Câmera de segurança