Quem não pedalava passou a usar a bicicleta como meio de locomoção ou esporte durante a pandemia do novo coronavírus. Mas para os que resolveram pedalar há poucos meses está difícil sair com uma bike das lojas. Com o mercado aquecido, desde meados de julho do ano passado, lojas e fábricas sofrem com a falta de peças. Se isso acontece no mundo todo, em Maringá não poderia ser diferente.
Entre os principais itens em falta estão os sistemas de freios, transmissões, suspensões e selins. De acordo com Rafael Dias, funcionário de uma loja especializada no município, antes o cliente entrava na loja e fechava negócio podendo sair pedalando, agora se precisar para a semana seguinte é capaz de não conseguir.
“Muitas importações e exportações deixaram de acontecer porque falta matéria-prima para produzir pneus, aros e outros itens. Mudamos nossa forma de trabalhar, ao sermos procurados pelos clientes entramos em contato com a fábrica e ela nos informa o que existe em estoque, anteriormente a loja só fazia o pedido. Muitas vezes o fabricante avisa quais peças foram produzidas e pergunta se há interesse de compra, caso contrário a fabricação não acontece por falta de matéria-prima”, explicou ele.
Disse ainda que a programação de entrega também não é mais feita pelo estabelecimento e pode durar meses. A saída é pedir de outros fornecedores, as vezes pagando mais caro para ter em estoque. O profissional informou que alguns clientes levam a peça ou a bicicleta completa que está de mostruário no comércio, tudo isso para não ficar dias ou meses esperando.
Em uma loja nacional de artigos esportivos que tem sede em Maringá a situação é parecida. De acordo com a diretoria o estoque está comportando modelos mais simples de bicicleta; os mais profissionais, para trilhas por exemplo, estão em falta e a base de espera dos clientes é de pelo menos 30 dias.
De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo) lançou um comunicado confimando que os impactos da pandemia podem ser sentidos em todo o País, no setor a falta de produtos acontece pela dificuldade em trazer matéria-prima de fora e o valor do dólar. O vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, Cyro Gazola, falou que o problema se agravou por conta da bicicleta ser apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma opção segura de locomoção para evitar o contágio pelo coronavírus.
“Na minha avaliação ainda haverá dificuldades de abastecimento pelos próximos meses e a normalização deverá acontecer a partir de meados de 2021. Será um processo gradual, que exigirá um planejamento bastante detalhado e minucioso para ajustar a capacidade de produção”, disse o vice-presidente.
CICLOVIAS
De acordo com um levantamento feito pela Secretaria de Mobilidade Urbana de Maringa, a cidade tem hoje cerca de 40 quilômetros de vias destinadas exclusivamente aos ciclistas. As últimas instalações foram realizadas após o término das obras nas avenidas Gastão Vidigal e Horário Raccanello Filho, além das intervenções na Avenida Cerro Azul, concluindo o trecho entre a Catedral, e Avenida Juscelino Kubitschek. Assim como a ciclovia na Avenida Carlos Borges ligando a Avenida Luiz Teixeira Mendes até o Contorno Sul.
No final de junho, a Ciclonoroeste propôs ao Prefeito Ulisses Maia a implantação de ciclovias móveis para auxiliar no combate à Covid-19. De acordo com a diretoria da associação a medida foi proposta para reduzir o número de pessoas em carros e ônibus pela Cidade. Ciclovias móveis são temporárias e funcionariam na parte da rua onde fica o estacionamento ou em uma das pistas.
A segurança da comunidade é feita com materiais sinalizadores como cones, cavaletes e faixas. Essas estruturas provisórias foram pensadas baseadas nas conexões que já existem e com a intenção de conectar bairro centro. Os pesquisadores mostram que é possível priorizar uma dessas estruturas já
existentes conectando, por exemplo, a Duque de Caxias e Herval com a Zona 7 e o Centro; além de bairros como Guaiapó e Tuiuti, sendo conectados com a ciclovia das avenidas Horácio Racanello e da Gastão Vidigal.
Thiago Botion Neri, pesquisador, disse acreditar que a Cidade tem condições para ter 26 quilômetros de ciclofaixas. Na visão do estudioso, as pessoas serão influenciadas a usarem bicicletas. Com misso, o número de carros e usuários no transporte público reduz. Tudo isso é pensado considerando combater as aglomerações e mantendo distanciamento social. A demanda foi repassada para a Secretaria de Mobilidade Urbana.
NACIONAL
Segundo o Laboratório de Mobilidade Sustentável (Labmob) são quase 9 mil lojas especializadas e mais de 14 mil empregos formais diretos gerados no País. Estes e outros números estão presentes na Revista Comércio Varejista de Bicicletas, da série Mercado de Bicicletas no Brasil. A pesquisa mostra que 39% dos municípios brasileiros possuem ao menos um comércio de bicicletas.
A região Sudeste concentra a maior parte do comércio, com 42% das lojas de bicicletas. Enquanto isso, são 25% no Nordeste, 16% no Sul, 10% no Centro-Oeste; e 7% no Norte do país. Já em se tratando de perfis de negócios, através da pesquisa foi constatado que os estabelecimentos varejistas de bicicleta, em 91% dos casos são microempresas com até quatro funcionários. Quase metade deste total é composta por empreendimentos sem nenhum funcionário, apenas com o proprietário trabalhando.
Victor Cardoso
Foto – Reprodução