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Maria Maria

Vivi sempre cercado de Marias: minha mãe era Maria Ângela, minhas irmãs eram Maria Carolina, Maria Fidelina, Leonor Maria, Maria do Carmo, Maria da Glória. Minha mulher é Lucilla Maria. Nossas filhas são Maria Ângela e Maria Paula. As netas são Maria Isabel e Ana Clara Maria. As bisnetas são Maria Beatriz, Maria Rita e Maria Cecília.

Todas xarás de Maria, mãe de Jesus. Fico às vezes até pensando: que bom que Jesus não é ciumento – aceita que sua mãe querida seja também mãe nossa e que em tantas famílias tantas meninas sejam batizadas com esse nome lindo.

Em todas as línguas a mesma doçura: Maria, Miriam, Marah, Mrym, Maraian, Mari, Marie, Mary, Mirjan, Marike, Majken, Mäire, Moira, Maura, Muire, Marija, Meira, Maryla, Malia, Mele, Mariammé, Mrl, Meire, Mrije, Mirren, Maarja, Maiara, Meryen, Molly, Marjatta, Maija, Mirjani, Maaike, Maiken, Mariya, Mia, May, Mirele, Miriana, Moica…

Etimologicamente, segundo os alfarrábios, o nome pode ser derivado das palavras assírias Yamo Mariro (Yam, Mar = Maryam). Tornou-se popular com a propagação do cristianismo. O significado é incerto, porém pode ter sido originalmente um nome egípcio, provavelmente derivado de mry (“amada”) ou mr (“amor”).

Um nome que não sai de moda. Milhões de meninas, em todo o mundo, continuam a nascer chamando-se Maria, a maioria delas em homenagem à mãe de Jesus. Fácil de entender: Maria foi sempre a pessoa mais próxima do Filho de Deus, desde o ventre à cruz e ao céu. Natural, portanto, que tantos cristãos a ela recorram como intercessora. Por exemplo: na festa conhecida como Bodas de Caná, foi a pedido dela que Jesus transformou água em vinho.

Pedido de mãe é sempre muito forte. Em 1945, com 12 anos de idade, eu cursava o primeiro ano do ginásio e estava enfrentando um probleminha. Na prova final de latim precisava tirar no mínimo nota 8, sob pena de ficar para segunda época. Padre Augusto, pároco da cidade, era meu primo e achei que ele poderia me dar umas aulas particulares, mas fiquei acanhado, sem saber como lhe fazer o pedido. Veio então a ideia de procurar Tia Bibi, mãe dele, e pedir que ela conversasse com o filho sobre o meu problema. Padre Augusto atendeu de pronto, me deu três ou quatro aulinhas e ganhei nota 9 na prova.

Mãe é mãe. Em nossa família, aprendemos desde crianças a rezar a Ave-Maria e chamar a mãe de Jesus de Nossa Senhora. Cresci e envelheci pensando carinhosamente em Maria como minha outra Mãe e a ela me dirijo com frequência, não só pedindo ou agradecendo alguma bênção, mas também tentando aprender lições de fé, justiça e bondade. 

Se Tia Bibi teve tanto prestígio com meu primo padre para conseguir que ele abrisse um tempinho em sua agenda para me ajudar na prova de latim, imagine o prestígio de Maria junto a Jesus e quantos pedidos ela já levou a ele em nome de tantos milhões de amados filhos.

A.A.de Assis
Foto – Reprodução

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