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O mosqueteiro do milho

Há uma velha anedota (será que alguém ainda sabe o que é anedota?) segundo a qual o garçom perguntou ao cliente se ele gostava de rãs. O cliente respondeu: “Gosto sim, muito, porém não a ponto de comê-las”. Não tem nada a ver com isso, mas se alguém me perguntar se gosto de milho, responderei que gosto muito sim… a ponto de comê-lo do jeito em que vier.

Um dia, lá pelos meados dos anos 1970, publiquei no “O Diário do Norte do Paraná”, do amigo Frank Silva, uma crônica falando disso. Contei que desde criança curtia paixão pelas coisas feitas de milho: curau, mingau, paçoca, pipoca, polenta, canjiquinha, milho cozido. Era chegadão especialmente numa gostosura que em nossa família chamavam de “farinha de macacão” – um fubá grosso misturado com toucinho de porco, torrado num tacho. Com feijão preto e bananinha-ouro frita era a delícia das delícias.

Tá, mas vejam o que aconteceu: nem bem a crônica entrou em circulação, bateu na minha casa um rapaz trazendo um pacotão cheio de pacotinhos com subprodutos do milho. Tudo o que você possa imaginar. “Foi Seu Oswaldo que mandou, e mandou um abraço também”.

Oswaldo Chiucheta. Só podia ser ele. O mosqueteiro do milho. Um  dos personagens mais simpáticos e irrequietos que Maringá já conheceu. Tudo o que fazia era movido a paixão e com total vigor.

Nascido na heroica e bela Concórdia, veio para cá em 1956, já decidido a mexer no enredo da cidade. Todo mundo aqui só falava em café; ele chegou falando de trigo. Montou na Avenida Mauá o primeiro moinho do norte/noroeste do Paraná. Depois passou a trabalhar também com milho – nasceu a Trigomil. Simultaneamente, como bom filho do meio-oeste catarinense, Chiuchetta foi pioneiro aqui na criação de suínos de alta linhagem.

Enquanto isso, na mesma época, foi um dos líderes na campanha pela criação do Instituto Agronômico em Londrina e ajudou na fundação da Associação das Indústrias Moageiras de Milho do Brasil.

Sim. Do milho. Na verdade o guerreiro Chiuchetta veio para Maringá programado para incentivar o cultivo do trigo na terra dos cafezais. No entanto penso que ele gostava mesmo era de lidar com o milho. Achava que o milho era o cereal mais tipicamente brasileiro, presente em todas as cozinhas nacionais, além de ser a ração mais natural para todos os animais dos pastos e todas as aves domésticas.   

Um dia o jornalista Sérgio da Costa Franco escreveu no jornal “Zero Hora”, de Porto Alegre: “Não conheço defensor mais ardente da cultura do milho, de sua moagem e do consumo dos seus derivados do que o industrial Oswaldo Chiuchetta, estabelecido em Maringá”.

De fato era. E com razão. O trigo pode ser mais chique, mas o milho é muito mais gostoso. Tudo o que é feito de milho é uma delícia, além de saudável. Tanto que comi todo aquele pacotão de canjica e fubá que o bom Oswaldo me mandou de presente, e nem engordei.

A.A. de Assis
Foto – Reprodução

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