Quando uma formiga nasce, as características genéticas dela determinam todas as suas ações. Nada do que uma formiga faz durante toda a sua existência será diferente daquilo que ela nasceu programada para fazer. Uma formiga terá o mesmo comportamento de todas as outras de sua espécie. Curiosamente, em nenhum momento ela terá de passar por algum treinamento ou processo de ensino e aprendizagem para agir exatamente igual às suas irmãs formigas.
O que acontece com uma simples formiga também se repete com todas as outras espécies de insetos, aves, animais. Alguns deles são domesticados, treinados e desenvolvem habilidades que podem ser úteis às pessoas. Porém, a natureza dotou cada bichinho do conhecimento necessário para sobreviver e cumprir o papel que possuem no ecossistema. Nada e ninguém precisa ensinar uma formiga a ser formiga, um gato a ser gato, um gavião a ser gavião etc.
Nós, homens e mulheres, porém, precisamos ser ensinados a ser humanos.
Nós somos a única espécie animal que depende totalmente do outro inclusive para sobreviver. É fato que sabemos algumas coisas quando nascemos: sabemos chorar para nos defender e para pedir ajuda, sabemos chorar para pedir comida… Entretanto, é o processo de educação que nos faz gente.
O ser humano precisa ser ensinado. E embora os primeiros anos de vida sejam suficientes para que a gente saiba as formas básicas de convivência, como a comida chega na mesa e até como preservamos nossa saúde, também somos o único animal que precisa aprender sempre. No nosso mundo, diferente do mundo dos outros animais, conforme o tempo passa, inúmeras coisas mudam e precisamos aprender a lidar com as novidades – inclusive no que diz respeito à cultura.
É a educação que também nos faz crescer no respeito aos outros de nossa própria espécie. Os saberes desenvolvidos pela filosofia, sociologia, psicologia nos ajudam a lidar com as emoções, levam-nos a compreender a diversidade de pensamentos, ideias… Permite-nos o respeito, a tolerância, a empatia, a percepção do outro como igual, mesmo sendo de raça, gênero ou classe social diferente.
Se resistimos em aprender, tornamo-nos inadequados em um mundo que se renova. Também sofremos diferentes tipos de exclusão. Uma delas é a própria falta de trabalho, algo fundamental para o nosso bem-estar, para assegurar os recursos para vivermos de maneira digna.
Aprender sempre é imperativo. É por meio do aprendizado constante que respondemos às novas demandas do mercado de trabalho, às inovações tecnológicas e até desenvolvemos nossas formas de convivência com outras pessoas.
E embora dispor-se ao aprendizado pareça ser um processo cansativo, na prática, quando aprendemos estamos apenas cumprindo nosso papel natural. Afinal, a capacidade de aprender também nos difere das demais espécies e potencializa que estejamos em constante desenvolvimento.
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Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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