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A leitura não é natural para humanos

Acho que você, leitor dominical do Jornal do Povo, já sabe disso: sou apaixonado pelos livros. Leio todos os dias! E faço isso há muitos anos. Leio os clássicos, literatura comercial, livros de temáticas religiosas e, claro, o que mais gosto: a produção filosófica e científica dos grandes pensadores da atualidade. Só nos dois últimos anos, acumulei mais de 100 livros lidos.

Entretanto, você sabia que a leitura não é algo natural para o ser humano? Os seres humanos não nasceram “programados” para ler. Eu brinco que algumas coisas vieram de fábrica. A habilidade da fala, por exemplo, já veio como “item de fábrica”. Mas a leitura não. Talvez isso explique por que se trata de uma atividade tão difícil para tantas pessoas. A pesquisadora norte-americana Maryanne Wolf afirma que “a aquisição do letramento é uma das façanhas epigenéticas mais importantes do homo sapiens”.

Incrível, né? Nosso cérebro é maravilhoso! Como o cérebro possui enorme flexibilidade e capacidade para a aprendizagem, nós aprendemos a ler!

E, veja só, ao introduzirmos a leitura em nossos hábitos, as estruturas do nosso cérebro foram mudadas. Aprender a ler bem e em profundidade mudou as conexões e o próprio funcionamento do cérebro… E isso teve efeitos sobre a natureza do pensamento humano. Hoje, o que pensamos e a maneira como representamos o mundo acontece a partir de todo um universo de conhecimentos possibilitado pela leitura.

Com a aquisição da leitura, e a possibilidade de uma leitura profunda, nossa capacidade de pensar se ampliou. Foi potencializada, digamos assim. Afinal, quanto mais informações de qualidade nós adquirimos, mais inferências, deduções conseguimos estabelecer por meio dos pensamentos. Até mesmo a análise dos fatos se torna muito mais rica. Ganhamos repertório e, na prática, nossa maneira de pensar foi refinada.

Maryanne Wolf afirma que a “qualidade de nossa leitura não é somente um índice da qualidade de nosso pensamento, é o melhor meio que conhecemos para abrir novos caminhos na evolução cerebral de nossa espécie”. Ou seja, se investimos com seriedade num programa rotineiro de leitura, temos a chance de alimentar o desenvolvimento do cérebro, estimulando e mantendo ativas as conexões neurais.

Noutras palavras, nossos neurônios são exercitados por meio da leitura. E, com o aumento do repertório proporcionado pela leitura, a qualidade do pensamento se distingue. A leitura é a única forma de enriquecimento do nosso cérebro.

Muita gente admira os intelectuais. E embora os intelectuais possam ter algumas habilidades diferenciadas, na maioria dos casos, são apenas pessoas que investiram profundamente na leitura e foi isso as tornou brilhantes, donas de ideias invejáveis.

Portanto, se você ainda não é leitor(a), comece hoje! Não esqueça que a própria Bíblia lembra que “bem-aventurado é aquele que lê”.


Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação

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