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Barsanulfo, um ‘cabra da peste’

“Cabra da peste” é uma expressão popular usada no Nordeste do Brasil, que significa homem valente, corajoso, batalhador. É uma locução substantiva, onde a palavra “cabra”, um substantivo feminino, significa o indivíduo, a pessoa e “peste”, um substantivo feminino, usada no sentido figurado, significando todas as pragas, intemperes e toda sorte de problemas da região onde vive, pode ser aplicada nas pandemias como a que estamos vivendo, e a da peste bubônica que cometeu a Europa no século XIV.

Usamos a expressão para falar que há pessoas, que apesar de todas as adversidades que enfrentam são capazes de gerar mudanças profundas no mundo à sua volta e o mineiro Eurípedes Barsanulfo ( apóstolo da caridade) foi uma dessas pessoas.

Seu nome nos vem à mente nos dias atuais quando vivemos as inseguranças e medos causados pela pandemia do coronavírus. Nessa hora, voltamos nosso olhar para o passado e encontramos o testemunho desse espírita, médium incomparável, que foi também vítima de uma pandemia, a da gripe espanhola, que em 1918 causou a morte de 50 milhões de pessoas em todo o Planeta.

Barsanulfo deixou o mundo físico em 1° de novembro de 1918, aos 38 anos de idade, após ser infectado. Sua vida foi um exemplo de coragem, destemor, não só contra a pandemia da época, mas contra a ignorância, a perseguição ao espiritismo e na defesa de uma educação alicerçada nos ensinamentos de Jesus.

O enfrentamento corajoso da gripe espanhola foi um reflexo do que fez ao longo da curta mais intensa existência de pouco menos de 40 anos, com dedicação ao próximo, sempre esteve à frente dos seus próprios interesses. Por isso, assim que foi atingido pelo vírus não quis parar de trabalhar no atendimento aos doentes em sua farmácia ou nas visitas aos enfermos em suas casas.

Como poderia parar, se a divulgação de suas curas trazia doentes de outras cidades e estados à procura de sua ajuda em Sacramento, onde nasceu e viveu? Mesmo depois de contaminado, com febre alta, cansado, ele continuou receitando através da inspiração do Espírito do Dr. Bezerra de Menezes e orientando o serviço da farmácia até o limite de suas forças.

Sua luta contra a perseguição ao espiritismo não foi diferente. Cresceu numa família extremamente católica e fundou, por volta de 1900, a Irmandade São Vicente de Paulo. Era autodidata, dava aulas e ajudou a fundar o jornal semanal, Gazeta de Sacramento. Acabou conhecendo o espiritismo através de seu tio Mariano da Cunha, que vivia na fazenda de Santa Maria, onde vários fenômenos, sem explicações aparentes, o levaram ao estudo da doutrina e à criação do Centro Espírita Fé e Amor. Foi em Santa Maria que Barsanulfo recebeu uma mensagem de São Vicente de Paulo, identificando-se como seu protetor e orientando-o a fazer a caridade e a trabalhar na cura, com a ajuda do dr. Bezerra de Menezes.

Essa renovação espiritual exigiu de Barsanulfo uma mudança radical. Abandonou a Irmandade São Vicente de Paulo e comunicou a todos que estava abraçando o espiritismo. Foi considerado louco, sendo obrigado a fechar o Liceu Sacramento, colégio que fundou em 1902, onde lecionava. Chegou a ser acusado por exercício ilegal da medicina, mas o processo acabou sendo arquivado, e consequentemente prescrito. Assim, ele continuou curando, fazendo cirurgias, partos, tendo premonições, tratando de pessoas que sofriam de obsessão.

Mas se a Igreja o perseguia, Eurípedes tinha a seu lado a força da espiritualidade superior. Além de São Vicente de Paulo, teve uma mensagem de Maria de Nazaré orientando-o a criar uma escola onde, além das matérias tradicionais, daria aulas de Evangelho, à luz da doutrina espírita. Nascia assim, em 1907 o Colégio Allan Kardec, que até hoje é tido como exemplo de educação diferenciada.

Essa proteção espiritual aliada à sua vasta e rara capacidade mediúnica – que incluía a faculdade de desdobramento – fizeram dele um homem amado e respeitado pelas curas que fazia de graça. Os seus alunos foram testemunhas de momentos mediúnicos especiais, como na vez em que, após ficar em transe por uns minutos, avisou aos seus alunos que, em desdobramento, acabara de fazer um parto e o marido da senhora a quem ajudara estava chegando para pedir que fosse atender a sua esposa.

Além da proteção espiritual, o médium contou com o apoio de sua família, principalmente de sua mãe, dona Meca, que extremamente católica, acabou tornando-se também espírita, curando-se das crises e dos desmaios que sofria desde que sua primeira filha nasceu, dada a atuação de um espírito.

Junto de seu pai, sr. Mogico, encontrou apoio para realizar sua missão, tanto na criação do colégio, como da farmácia que funcionava ao lado da casa comercial paterna. O pai o incentivou também a atuar na política, e ele, como vereador, ajudou a concretizar os projetos que trouxeram para a cidade a instalação de uma linha de bonde e a construção da Usina Hidrelétrica Cajuru.

Por tanto trabalho e merecimento, Barsanulfo foi avisado da proximidade do seu desencarne. Em 25 de abril de 1918, meses antes de se contaminar pela gripe espanhola, o médium, em transe, narrou à sua secretária, dona Amália, um encontro que teve com o seu mentor. Ele lhe mostrou uma estrada longa, que ia da Terra ao infinito e lhe disse: “Meu filho, está terminada a nossa missão na Terra. Estamos atingindo outra esfera”.

Este texto baseado em artigo publicado aqui https://correio.news/bau-de-memorias/euripedes-barsanulfo-tambem-enfrentou-pandemia, é uma homenagem a tantos e tantos, profissionais de saúde, verdadeiros ‘cabras da peste’, no enfrentamento à Covid-19. Às famílias das mais de 500 mil vítimas, rogando a todos a proteção de Eurípedes Barsanulfo, Dr. Bezerra de Menezes abnegados servidores do Cristo, ao contrário de corruptos, ladrões políticos , como estamos vendo na cobertura da ‘CPI da Covid, que aproveitam o momento,não para servir, mas para se servirem da peste. Essa gente ‘precisa’ ( lembram deste nome?), repito, precisa pagar pelos crimes, em julgamento pelo que fazem e sabem o que estão fazendo.

(*)Akino Maringá, colaborador

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