A Vigilância Sanitária acompanhou a Polícia Civil, na manhã de ontem, durante uma operação que culminou na prisão de três pessoas e apreensão de grande quantidade de produtos usados na confecção de pizzas. Toda ocorrência foi na Igreja das Nações da Poderosa Mão de Deus, localizada na Avenida Morangueira. Os alimentos estavam armazenados de forma irregular, fora da temperatura de acondicionamento ideal, sem data de validade e sem procedência.
Samantha Cristina Bego, fiscal da Vigilância Sanitária, informou que não havia condições de higiene adequadas no lugar, uma situação de risco a saúde de quem consome. Ao todo foram recolhidos: 182 pizzas prontas, 570 massas para pizzas, seis unidades de dois quilos de embutido, duas unidades de quatro quilos de queijo, quatro unidades de um quilo de lombo, cinco unidades de 500 gramas de linguiça, nove embalagens com cheddar cremoso, nove embalagens com requeijão e 20 quilos de presunto e mortadela em pedaços. Os alimentos serão descartados e a multa aplicada.
PRISÕES
Foram presas três pessoas da família que dirige a igreja, o pastor Gerdal Costa da Silva; a mulher dele, bispa Seuma Costa; e o filho do casal, apóstolo Gerdal Junior. Eles são acusados de aliciamento de crianças e adolescentes para trabalho escravo. No escritório da igreja foram encontrados cheques, documentos, dinheiro, uma pistola, entre outros materiais que foram apreendidos. Na operação, que cumpriu seis mandados judiciais, participaram a Polícia Civil, o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima de Crime (Nucria), a Vigilância Sanitária e o Conselho Tutelar.
“Ao menos cinco crianças passavam o período da manhã, as vezes até a madrugada, o dia todo sob sol, chuva, em condições degradantes, sem fornecimento de alimentação. As crianças tinham que cumprir metas e, se não conseguisse, fazer ou vender as pizzas, eram agredidas física e verbalmente. Todo dinheiro arrecadado era para os religiosos. Dentre os casos tinham crianças fora da escola e uma menina de 13 anos que foi levada para trabalhar como doméstica na casa dos pastores. Os pais que contestavam a situação eram agredidos e ameaçados” explicou a delegada do Nucria de Maringá, Karen Friedrich Nascimento.
REINCIDÊNCIA
A Prefeitura informou que esta mesma igreja foi flagrada, no ano passado, descumprindo o decreto municipal. Na oportunidade, o pastor tentou enganar o Grupo de Gestão Integrada (GGI) ao ser flagrado em culto. Disse que era apenas uma reunião de pessoas que moravam na igreja. Porém, vídeos e fotos feitas pelo GGI mostraram a realidade e os fiéis deixaram o local. Na época a igreja foi notificada e fechada.
Victor Cardoso
Foto – Reprodução