Impecável, Hebert Conceição é campeão olímpico no boxe. Neste sábado, ele alcançou o feito ao derrotar na final do peso médio (até 75kg) das Olimpíadas de 2020 o ucraniano Oleksandr Khyzhniak. Para faturar a medalha de ouro, nocauteou o rival no terceiro round, a 1min29 do fim, com um cruzado demolidor, que entrou para a história do boxe nacional.
“É indescritível ser campeão. A ficha ainda não caiu, ainda mais da forma que foi. Foi surpresa para muita gente, mas não para mim. É uma gratidão representar o meu país e a Bahia”, disse o novo campeão olímpico do boxe brasileiro.
Na luta decisiva, Hebert Conceição, que subiu ao ringue, mais uma vez, ao som de “Madiba”, do Olodum, viu o ucraniano ser mais agressivo no primeiro round e conectar mais golpes, vencendo por 10 a 9, segundo a avaliação dos cinco árbitros.
O segundo round também foi difícil para o brasileiro, que conectou poucos golpes contra um adversário com mais volume de ataque. E novamente o lutador da Ucrânia ganhou por 10 a 9 para todos os jurados.
Com isso, o rival do brasileiro estava muito próximo de conquistar o ouro olímpico. Restava a Hebert, assim, ter um desempenho espetacular para virar uma luta em que estava perdendo por 20 a 18, ou buscar o nocaute. E foi exatamente o que ele fez. Acertou um cruzado de esquerda que levou o seu rival ao solo e o tornou campeão olímpico de modo espetacular.
“Sabia que ele era grande adversário, duro, muito sujo. Atrapalha, usa o cotovelo, dá golpe na nuca. Eu sabia que estava perdendo. Eram três minutos para mudar a cor da medalha. A trocação era loteria, mas não tinha nada a perder. Foi muito bom que consegui o nocaute”, relatou.
A trajetória de Hebert rumo ao ouro
O triunfo do brasileiro foi o segundo na sua trajetória em Tóquio sobre um campeão mundial. Khyzhniak foi campeão em 2017. Antes, nas semifinais, Hebert havia passado pelo russo Gleb Bakshi, que tinha sido ouro no Mundial de 2019. Os desafios, porém, não paralisaram o brasileiro. E tornaram ainda mais especial a conquista do título olímpico, definida com um nocaute, algo raro nos Jogos.
Em Tóquio, Hebert estreou com vitória sobre o chinês Erbieke Tuoheta, depois derrotando o cazaque Abilkhan Amankul, que foi vice-campeão mundial em 2017. E esse resultado o classificou à semifinal, o garantindo no pódio das Olimpíadas. Já a vaga na final veio com o triunfo diante do russo Gleb Bakshi.
É também o melhor resultado da carreira de Hebert que, aos 23 anos, vem em ascensão. Ele foi medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima de 2019. Além disso, no mesmo ano levou o bronze no Mundial, realizado na Rússia.
“A medalha é para todos os brasileiros, a pandemia devastou muitas famílias. Tem muitas pessoas tristes, que perderam parentes e empregos. Espero ter dado um breve sorriso a vocês, espero que esse momento caótico passe, para voltarmos ao normal”, disse Hebert.
O peso da medalha
Agora, ele se junta a Robson Conceição, medalhista de ouro nos Jogos do Rio, como boxeadores campeões olímpicos pelo Brasil. Antes da final olímpica de Hebert, os pugilistas do país já haviam disputado outras duas no boxe: em 2012, com Esquiva Falcão, que foi prata, e em 2016, com Robson.
E ainda haverá mais uma em Tóquio, com Beatriz Ferreira. A adversária da peso leve (até 60kg) vai ser a irlandesa Kellie Anne Harrington, a partir das 2h (horário de Brasília) deste domingo.
O ouro de Hebert foi o sexto do Brasil nas Olimpíadas de Tóquio. Os atletas do país já conquistaram quatro pratas e oito bronzes. Além dessas 18 medalhas, há outras três asseguradas: uma para Bia Ferreira, outra para a seleção de futebol masculino e mais uma para a seleção feminina de vôlei, todas classificadas para finais em suas modalidades.
Nas Olimpíadas, além das finais com Hebert e Bia Ferreira, o peso pesado Abner Teixeira foi medalhista de bronze. Assim, o boxe deu três medalhas ao Brasil no evento, desempenho só igualado pelo skate, com três pratas.
Foto – COB