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Os últimos serão os primeiros

Quando se pensa em eleições presidenciais para 2022, dois nomes aparecem em primeiro lugar: Bolsonaro e Lula.

A polarização interessa a ambos. Bolsonaro acredita que o antipetismo que o elegeu em 2018, o levará à reeleição. Lula acredita que os votos de eleitores bolsonaristas, de ocasião, que ajudaram eleger o atual presidente, e se sentem enganados, e não são poucos, serão determinantes para sua eleição, pois muitos, como eu, pensam’ pior do está não fica’, diria o ‘filósofo Tiririca’.

Será que não surgirão outros nomes para desbancá-los? Um candidato que for lançado no último prazo não teria chance desbancar pelo menos um deles, para um eventual segundo turno? Recorremos à Parábola dos Trabalhadores da Vinha, narrada dos evangelhos, em que Jesus teria contado sobre um produtor de uvas, que na atualidade poderia ser de Marialva, para refletirmos que os últimos podem ser os primeiros, em se tratando de trabalhadores que estejam dispostos a enfrentar a lida diária, ainda que lhes falte oportunidade no primeiro momento.

Na parábola narra-se que um produtor precisando de trabalhadores foi, logo pela manhã, a uma praça onde pessoas esperavam trabalho. Recrutou-as em número que cabia no seu veículo de transporte, estabelecendo o pagamento de R$ 100,00 de diária. Depois voltou por voltas das 10h00, e levou mais alguns, confirmado que o valor da diária seria R$ 100,00, e assim fez mais duas vezes durante o dia , a última faltando uma hora para encerrar o horário de trabalho.

Ao efetuar o pagamento, remunerou a todos com o mesmo valor R$ 100,00, o que gerou reclamações dos que tinham trabalhado desde a primeira hora de expediente: Não causo prejuízo a ninguém, pois estou pagando rigorosamente o que foi acertado. Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos. (S. MATEUS, 20:1 a 16).

Acrescento comentário do Espírito Constantino, em Bordeaux, 1863, quando da codificação da Doutrina Espírita, para refletirmos: ( Não venha Bolsonaro dizer que ele é um ‘ enviado de Jesus’): (ESSE)

O obreiro da última hora tem direito ao salário, mas é preciso que a sua boa vontade o haja conservado à disposição daquele que o tinha de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má vontade. Tem ele direito ao salário, porque desde a alvorada esperava com impaciência aquele que por fim o chamaria para o trabalho. Laborioso, apenas lhe faltava o labor.

Se, porém, se houvesse negado ao trabalho a qualquer hora do dia; se houvesse dito: “tenhamos paciência, o repouso me é agradável; quando soar a última hora é que será tempo de pensar no salário do dia; que necessidade tenho de me incomodar por um patrão a quem não conheço e não estimo! quanto mais tarde, melhor”; esse tal, meus amigos, não teria tido o salário do obreiro, mas o da preguiça.

Que dizer, então, daquele que, em vez de apenas se conservar inativo, haja empregado as horas destinadas ao labor do dia em praticar atos culposos; que haja blasfemado de Deus, derramado o sangue de seus irmãos, lançado a perturbação nas famílias, arruinado os que nele confiaram, abusado da inocência, que, enfim, se haja cevado em todas as ignomínias da Humanidade? Que será desse? Bastar-lhe-á dizer à última hora: Senhor, empreguei mal o meu tempo; toma-me até ao fim do dia, para que eu execute um pouco, embora bem pouco, da minha tarefa, e dá-me o salário do trabalhador de boa vontade? Não, não; o Senhor lhe dirá: “Não tenho presentemente trabalho para te dar; malbarataste o teu tempo; esqueceste o que havias aprendido; já não sabes trabalhar na minha vinha. Recomeça, portanto, a aprender e, quando te achares mais bem-disposto, vem ter comigo e eu te franquearei o meu vasto campo, onde poderás trabalhar a qualquer hora do dia.

Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei o trabalho ao alvorecer do dia e só o terminarei ao anoitecer. Todos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha, sem que quisésseis penetrar nela! Eis-vos no momento de embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não esqueçais nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça, mais não é do que um instante fugitivo na imensidade dos tempos que formam para vós a eternidade.

E concluo dizendo que alguns podem entender que a comparação com a política não seja própria, mas penso que é uma forma de reflexão que todos teremos tantas quantas oportunidades forem necessárias, se estivermos à disposição para o trabalho e nosso trabalho como eleitores e nos informamos sobre o que está acontecendo, e neste momento a CPI da Covid-19 pode ser uma fonte para que possamos votar escolhendo os melhores para a melhoria de vida de todos nós, sobretudo os irmãos menos favorecidos materialmente falando.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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