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No que os pais estão falhando hoje?

Nesta semana, vamos comemorar o Dia das Crianças. E olhando para o cenário da infância, não faltam motivos de preocupação com o futuro de nossos filhos e filhas. Mais que isso, os problemas que dizem respeito às crianças não afetam apenas aqueles que estão debaixo do nosso teto ou são de nossa família, impactam a sociedade como um todo e o próprio futuro da humanidade.

Por isso, preparei uma série de cinco vídeos que vou apresentar no meu canal no Youtube e também no Instagram para os interessados num tema específico: o relacionamento pais e filhos. A ênfase será na educação de nossas crianças. Tem uma série de outras questões que gostaria de abordar, mas ficarão para uma próxima oportunidade.

Aqui nesta coluna, aproveito para compartilhar uma breve reflexão sobre a educação dos filhos. E quero começar falando que eu não acredito que os pais falhem na educação dos filhos porque querem. Tenho comigo que todos desejam acertar. Entretanto, entre a intenção de acertar e acertar de fato existe uma grande distância. Além disso, de certo modo, até mesmo os pais mais dedicados ao processo de educação, falham.

Como regra, os pais falham em dois aspectos cruciais. Estes dois aspectos têm ramificações, tem suas especificidades na dinâmica de cada família. Mas, em linhas gerais, revelam-se como dois grandes problemas.

O primeiro é que, hoje, os pais educam com medo. É isso mesmo: os pais educam com medo. Eles têm medo de agir, orientar, estabelecer regras, disciplinar e, como consequência, traumatizar – ou até mesmo perder o amor dos filhos. Os pais são carentes. Querem o amor dos filhos. E na tentativa de receber o amor dos filhos, fazem muita bobagem.

Os pais também têm medo do que o mundo pode fazer com seus filhos. Por isso, não querem expor as crianças. Acham que correm riscos. As crianças acabam protegidas de experimentarem  frustrações na relação com os amiguinhos, com a escola etc. São protegidas do trabalho doméstico, impedidas de sair às ruas, não recebem tarefas básicas para cumprir no dia a dia – tipo ir à padaria comprar um pão, pagar uma conta na lotérica…

Além disso, os pais têm medo dos filhos serem magoados, medo da violência urbana… Medo dos filhos se frustrarem por não darem conta de algumas responsabilidades. Por isso, muitos pais fazem pelos filhos aquilo que caberia aos pequenos fazer.

O segundo grande problema: os pais têm falhado por ignorarem a importância dos bons exemplos.
Muitos pais pensam que as palavras são suficientes. Repetem: “eu já disse para meu filho não fazer isso”, “eu oriento todos os dias”… Porém, esses mesmos pais, muitas vezes, quebram regras, são deselegantes no tratamento com outras pessoas, são agressivos no trânsito, falam mal da diarista, ofendem a pessoa que está no caixa do supermercado ou o frentista do posto de gasolina. Muitos pais mentem… Pior, não são respeitosos com seus próprios pais, os avós das crianças.

Gente, os exemplos são fundamentais no processo de educação. Não adianta pedir para meu filho se controlar se eu não me controlo.

Depositamos toda confiança nas ordens que damos. Pensamos que, se somos os pais, os filhos devem nos obedecer. Entretanto, não é assim que funciona.

Crianças e adolescentes são grandes observadores, notam desde muito cedo as contradições entre o que falamos e o que fazemos. E aprendem muito mais com nossas atitudes do que com nossas palavras.
Portanto, se você quer acertar na educação de seus filhos, enfrente esses dois grandes problemas: não tenha medo de educar e seja o melhor exemplo para sua criança. 

Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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