Início Maringá Escola de Maringá retira sinal sonoro após apelo de aluno autista

Escola de Maringá retira sinal sonoro após apelo de aluno autista

A Escola Municipal Padre Pedro Ryô Tanaka, de Maringá, suspendeu o sinal sonoro no início e final das aulas. O motivo é para o bem-estar de João Lucas, de nove anos. A criança com a Síndrome do Espectro Autista tem hipersensibilidade a sons e estava sofrendo com o barulho no colégio. Na semana passada, por vontade própria, ele gravou um vídeo pedindo que a sirene não tocasse mais porque o ouvido dele dói muito. Dessa forma, a equipe pedagógica se reuniu e tomou a decisão.

De acordo com Jonatan Cantarin de Andrade, pai de João, o filho foi diagnosticado com autismo leve para moderado há dois anos, sempre teve dificuldade de se expressar e crises nervosas justamente por barulho muito alto. A família verificou que, durante a rotina escolar, ele entrava na escola chorando e saia chorando. Ao perguntar o que acontecia, o menino explicou que o sinal fazia a cabeça dele doer.

O prefeito de Maringá Ulisses Maia compartilhou o vídeo do garoto nas redes sociais e também o agradecimento do pai de João ao ter o pedido atendido. Com essa atitude do colégio, outros pais de filhos com autismo também se manifestaram pedindo a mesma mudança em outras unidades de ensino.

Doutor Paulo Liberalesso, do Instituto Priorit, explica que é necessário dividir a hipersensibilidade auditiva em duas formas para compreender a sensibilidade de crianças autistas. Primeiro a Hiperacusia onde a criança que tem a hipersensibilidade apresenta uma alteração na percepção da pressão sonora, ou seja, no “volume” do som ambiente.

“Desse modo, sons com pressão sonora inferior a 120 dB podem provocar desconforto e dor, desencadeando alterações comportamentais. É aquela criança que, quando subitamente ouve um som muito intenso, imediatamente leva as mãos às orelhas e pode apresentar uma alteração comportamental na sequência”, disse o profissional.

Já a Fonofobia é quando a criança não apresenta alteração na percepção da intensidade do som, mas determinadas frequências sonoras (contidas entre 20 e 20.000 Hz), ao invés de serem transferidas e interpretadas pelo córtex cerebral auditivo, são transferidas para áreas cerebrais que gerenciam o comportamento, principalmente o sistema límbico (que compõe o sistema das emoções).

“O sistema do comportamento no cérebro humano não deveria receber estímulos elétricos do sistema auditivo e, quando isso acontece, podem surgir reações disruptivas, como agressividade e autoflagelação. A correta identificação e classificação da hiperacusia é fundamental para que a equipe possa traçar estratégias para minimizar o problema”, concluiu ele.

Victor Cardoso
Foto – Reprodução

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