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Maringá perdeu o medo da Covid-19

No terminal urbano os cuidados contra a covid-19 já não são os mesmos de anteriormente

O maringaense perdeu o medo da Covid-19 e já anda pelas ruas, bares, restaurantes, locais fechados públicos e privados, sem todo aquele cuidado que antes era exigido por lei. O avanço da vacinação, a queda no número de casos e de mortes, a diminuição dos internados em UTIs, levam à sensação que o perigo maior já passou e as coisas podem voltar ao normal. Mas nem todos pensam assim e ainda temem que este relaxamento acabe por trazer uma onda de novos casos nos próximos meses.

A Covid-19 mudou o comportamento de todos. Sua chegada ao Brasil em 2020 levou à suspensão das aulas em 20 de março e de lá até meados deste ano as restrições ficaram cada vez maiores com a suspensão de toda atividade que pudesse causar aglomeração de pessoas. Como todos,  o maringaense sofreu muito com as restrições, sendo impedido de circular nas ruas, trabalhar, estudar e ainda sem uma perspectiva de uma vacina ou de um tratamento eficaz.

As restrições impostas à população devido à doença e seu mortal avanço acabou por confinar e causar depressão nas pessoas que – mesmo com o perigo da Covid-19 – não aguentavam mais e tinham esperança em uma vacina ou um tratamento que pudesse trazer a vida de volta à normalidade. E quando isso aconteceu – com o avanço da vacinação a partir de meados do ano passado, o medo foi deixado de lado e a urgência da vida falou mais alto.

Nas ruas da cidade já é possível sentir a mudança. Calçadas lotadas, lojas cheias de gente, já não há mais necessidade de filas, ou restrição no número de pessoas dentro de locais fechados, a única exigência ainda é o uso das máscaras faciais, o novo normal, que parece que vai para durar somente até o final deste ano, uma vez que a flexibilização no seu uso já começa a aparecer em decretos municipais em diversas cidades do país.

No Terminal Urbano de Ônibus o fluxo de pessoas já é como antes da pandemia. A Guarda Municipal não circula mais obrigando as pessoas a respeitarem o chamado distanciamento social e nem mesmo a máscara facial abaixada está sendo mais admoestado. A volta das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas também fez aumentar o número de pessoas dentro do terminal, bem como dentro dos ônibus (que ano passado chegou a restringir o uso das pessoas que só podiam viajar sentados e separados).

O comércio da Avenida Brasil parece ter voltado aos seus melhores dias de 2019 – quando ninguém conhecia a doença e sua ameaça sequer era uma expectativa para quem quer que fosse – e as lojas na sexta-feira e no sábado pela manhã tinham um grande número de clientes. Muita gente também voltou a passear pelo centro da cidade, em especial os mais velhos – os mais afetados pela pandemia e que ficaram praticamente trancados dentro de casa por mais de um ano e meio  – e esta constatação é fácil de fazer por exemplo na Praça Napoleão Moreira da Silva, no centro, ou na Praça Farroupilha no Jardim Alvorada.

À tarde também é notável a presença de pessoas em torno dos parques da cidade, em especial o do Ingá, local tradicional de atividades físicas, ou o do Japão e o Alfredo Nyfler, os três com um número cada vez maior de pessoas aproveitando o ar livre para caminhadas, corridas e exercícios.

NÚMEROS
Os números falam por si e incentivam as pessoas a deixarem de lado os cuidados mais rígidos. No boletim da Covid-19 da última terça-feira (2), o número de casos confirmados de chegava a 66.412, dos quais 236 estão ativos e 64.599 já recuperados. Já são 1.577 mortes pelo Sars-Cov-2 em Maringá e, até a terça-feira, 256.570 casos haviam sido notificados na cidade.

Situação bem diferente de quando a doença, em seu auge no final do ano passado, chegava a registrar mais de 5 mil casos ativos. Em comparação, a cidade que chegou a registrar picos de até 20 óbitos em um único dia, na terça-feira, 2, não houve registro de nenhuma morte.

A vacinação também avançou rápido em Maringá e hoje jovens de 18 anos já são vacinados nos postos de saúde da cidade.

FLEXIBILIZAÇÃO
A própria prefeitura já começa a flexibilizar os decretos municipais e liberar mais atividades e eventos. A Prefeitura de Maringá publicou decreto nº 1910/2021 dia 29, em que autoriza a realização de eventos esportivos com público, desde que respeitada 50% da ocupação do local. O documento também permite a utilização de pista de dança em festas e eventos aos participantes que comprovarem esquema vacinal completo da covid-19. A responsabilidade pelo cumprimento do respeito ao decreto é do organizador/responsável pelo evento, devendo ser comprovada a vacinação completa por meio da carteira de vacinação ou pelo aplicativo correspondente.

A vida noturna também voltou com tudo em Maringá. Bares e festas voltaram a ser frequentadas e a população universitária da cidade tem lotado os barzinhos que tem dispensado inclusive o álcool-em-gel sobre as mesas.

Vacinação trouxe alívio à população

Maria Aparecida Bossi – A costureira de 67 anos se diz tranquila depois da vacinação e que tem mantido os cuidados como o uso do álcool-em-gel, mas que está mais relaxada: “A vida vai voltando ao normal e isso é muito bom”. Ela reclama dos funcionários da TCCC terem parado de passar álcool nos assentos e corrimãos dos ônibus.

Pedro Augusto Silva – O comerciário de 45 anos disse que espera logo que o uso de máscaras seja liberado de vez. Ele sente a volta do movimento no comércio e como vive de comissões de vendas está animado com o final de ano: “Tivemos dois aos bem difíceis. Acho que isso está tirando o medo das pessoas, a necessidade e também a vacinação”. Ele se diz tranquilo e confiante.

Magda Alonso Ruiz Pereira – A estudante de 27 anos também aponta a vacinação como principal motivo para o relaxamento de todos. Ela confessa que nunca foi muito cuidadosa com uso de máscaras e álcool-em-gel, mas que também acredita que agora já não mais tanto perigo como ano passado: “O número de casos e principalmente de mortes diminuiu bastante e isso nos alivia e agora é sair nas ruas para viver o que não podemos nestes dois últimos anos”.

João Carlos Santos – O motorista de 52 anos ainda teme que este relaxamento das pessoas possa aumentar o número de casos no futuro, mas acredita por outro lado que quanto mais gente vacinada, menor será o risco. Ele diz que andava com muito medo, porque estava exposto durante as viagens com o ônibus, mas a limpeza, o uso do álcool-em-gel e máscaras e logo depois a vacinação o deixaram mais tranquilo: “No começo eu rezava muito com medo. Perdi amigos e parentes. Só trabalhei mesmo porque precisava, se não eu tinha ficado em casa”.

Jorge Henrique Lopes de Oliveira
Foto – Reprodução



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