A primeira atividade invocada pelo suspeito preso ontem era a de mestre de capoeira, porém se apresentava como líder espiritual e era como tal que, segundo as vítimas, cometia abusos sexuais.
O homem foi preso anteontem pela Polícia Civil, que estava de posse de um mandado de prisão preventiva. Segundo o delegado Rodolfo Vieira, que comandou as investigações contra pretenso líder espiritual, pelo menos sete mulheres apresentaram queixa na 9ª. SDP, em Maringá. As vítimas apresentavam alguma vulnerabilidade e relataram serem atraídas para um espaço reservado nos fundos da academia do capoeirista , frequentada também por homens. No caso dos homens, ele também oferecia ajuda espiritual e entregava ervas para eles usarem no banho e se curarem , mas em suas casas. No caso de mulheres que lhe despertavam interesse, ele as levava para uma tenda e lá fazia o que chamava de sessões de cura.
Além das sete vítimas que compareceram na Delegacia da Mulher de Maringá para formalizar a denúncia contra o pretenso líder espiritual, preso na sua casa no Conjunto Requião, cerca de 10 testemunhas já foram ouvidas pelo delegado Rodolfo. Entre outras coisas, vítimas e testemunhas relataram casos de ameaças. O tal líder espiritual dizia que “ a relação sexual era uma energia que ele ia passar para a vítima. Seria uma forma dela ficar curada, e algumas se submeteram a essa relação. Já outras conseguiram perceber que algo estava errado e fugiram da cidade. Elas tinham muito medo dele, seja por uma represália espiritual, porque achavam que ele poderia lançar um feitiço, ou até mesmo represália física”.
O suspeito foi detido no local onde ocorriam as sessões de atendimento, que incluía os banhos de ervas e na sequência a conjunção carnal não consentida. Segundo o delegado o banho era ele quem dava e normalmente se apresentava nu. De acordo com o delegado as vítimas apresentavam alguma vulnerabilidade, seja por idade, classe social ou por dificuldade momentânea, como um problema de saúde. E, uma vez identificada a vulnerabilidade, o suspeito oferecia uma revolução espiritual, com promessa de cura à mulher que se submetesse ao que lhe fosse determinado.
Preso, o homem não confessou os crimes que a ele são atribuídos pelas vítimas. “Ele falou que nunca praticou nenhum ato sexual durante o ministério da religiosidade dele. Porém, foram ouvidas várias vítimas e várias testemunhas, os relatos são bem similares, com detalhes que causam bastante confiança, tanto que o juiz deferiu uma medida grave, que é uma prisão preventiva, com base nesses depoimentos”, disse o delegado Rodolfo Vieira. Conforme apurado ao longos das investigações, o suspeito , que não teve seu nome divulgado e tem 65 anos de idade, se aproveitava da condição de autoridade espiritual perante a comunidade para ter relações sexuais com mulheres com a promessa de cura, tratamento ou até de evolução espiritual. Os abusos ocorriam sempre durante rituais que duravam horas no espaço que o suspeito usava como local de prática religiosa, incluindo os chamados “banhos terapêuticos”. O homem se apresentava para as mulheres também como “Mestre do Ventre”. De acordo com a polícia, o suspeito atua há mais de 30 anos em Maringá.
Redação JP
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