Uma das conseqüências da pandemia do coronavírus foi o aumento da pobreza e a necessidade de auxílios governamentais. A desigualdade na distribuição riquezas também ficou mais acentuada. Agora, discute-se o chamado auxilio Brasil, na verdade um bolsa família, que muitos consideravam um programa tanto eleitoreiro, quanto assistencial nos governos Lula, e que o atual acabou criando outro, justamente no ano eleitoral, com os mesmos objetivos, claramente.
Sobre desigualdade das riquezas, que no Brasil sempre foi grande, é vista pela filosofia espírita como experiências necessárias ao crescimento do espírito. É possível, portanto, compreender tal questão sob o dogma da reencarnação, pois tal desigualdade é algo passageiro e material e sempre haverá compensação, o pobre de hoje pode ser o rico amanhã, e ricos e poderosos de hoje serão alcançados pela lei e passarão pela experiência da pobreza.
Na questão 811 de “O Livro dos Espíritos”, entidades superiores revelaram a Kardec que a igualdade absoluta das riquezas não é possível, porque a isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres dos homens. Além disso, evidentemente, outros fatores determinam as diferenças na posse de bens e recursos financeiros, como herança familiar, a apropriação indébita, o roubo, os ganhos desonestos, a espoliação, a corrupção na política…
Ainda sobre esse tema, Allan Kardec, no Capítulo XVI: Servir a Deus e a Mamon, do livro “O ESE”, esclareceu: “Os homens não são igualmente ricos, por uma razão muito simples: é que não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar.”Disso decorre que se a riqueza do mundo fosse dividida igualmente entre todos os homens, com o passar do tempo, essa situação estaria novamente desequilibrada e rompida em virtude da diversidade dos caracteres, aptidões e condutas humanas.
Para nós que acreditamos em Deus é de se perguntar por que o Criador concede a uns riqueza e poder, e a outros a miséria, que a uma vida de muito sofrimento e fome. Na questão 814 do já citado LE encontramos a resposta que revela aspectos inusitados da vida dos homens: “Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso são provas que foram, muitas vezes, escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas, entretanto, sucumbem com freqüência.
Portanto, antes da reencarnação, nós mesmos escolhemos as provas que precisamos passar na vida material para obtermos o desenvolvimento intelectual e moral e caminhar para a perfeição espiritual a que todos estamos fadados. Assim, passamos pelas provas difíceis da abundância ou da escassez dos recursos materiais, nas quais podemos ser bem sucedidos ou sucumbir. Testamos as nossas qualidades, exercitamos e desenvolvemos as nossas faculdades. Adquirimos habilidades, acumulamos experiências, temos oportunidades de praticar as virtudes.
E como devemos proceder para conquistar de rendas e riquezas? Os Espíritos superiores indicaram a Allan Kardec a seguinte providência: “O que, por meio do trabalho honesto, o homem junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de defender, porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão sagrado quanto o de trabalhar e de viver.”
Em complemento, afirmou o Espírito Protetor M., nas Instruções dos Espíritos, contidas no Capítulo XVI: Servir a Deus e a Mamon, de “O ESE”: “Não há dúvida que, se há uma fortuna legítima, é a que foi adquirida honestamente, porque uma propriedade só é legitimamente adquirida quando, para conquistá-la, não se prejudicou a ninguém.”
Assim, devemos trabalhar honestamente para obter o dinheiro que permite a acumulação dos tesouros materiais, com emprego útil da inteligência no trabalho, praticando o bem, sem causar prejuízo da ninguém, mantendo condutas elevadas para realizar boas obras. Desse modo se constituir um patrimônio material legítimo, que permita o desfrute, com paz na consciência, das boas condições de vida e do bem-estar.
Voltando ao título, a distribuição de rendas e riquezas , num pais como o Brasil, passa pela atuação de governantes e legislativo com pessoas desapegadas do poder, que se elejam para servir e não servir-se e que não tenham preocupação com a perpetuação nos cargos, atuando sem populismo, com responsabilidade fiscal, ainda que seja preciso tomar medidas impopulares na correta aplicação dos impostos pagos, em benefício, sobretudo dos menos favorecidos.
Estamos longe, mas um dia chegaremos a este estágio.
Akino Maringá, colaborador
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