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Recomeçar continuando

O que a meia noite do dia 31 dezembro representa para você, caro leitor?  A resposta óbvia é o encerramento do ano e no segundo seguinte o começo de um  novo. Na prática é um recomeçar continuando.
           
Nada mudará em nossas existências. Será um simples interromper de uma contagem de 365 dias, com os mesmos problemas , as mesmas dificuldades e eventualmente as mesmas alegrias e felicidade dirão alguns.
           
Mas talvez não seja bem assim, e um texto nos convida à reflexão:

Sucedem-se os anos com matemática precisão, mas os dias são sempre novos..Dispondo, assim, de trezentas e sessenta e cinco ocasiões de aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral encontraremos, no abençoado período de uma existência?

Conservemos do nosso passado o que for bom e justo, belo e nobre. Mas não guardemos os detritos e as sombras, ainda mesmo quando mascarados de encantador revestimento.Não coloquemos em ombros alheios a realização de ações que expressem fraternidade real.Tomemos a iniciativa e façamos o melhor ao nosso alcance.Cada hora que surge pode ser portadora de reajustamento.

Se possível, não deixemos para depois os laços de amor e paz que podemos criar agora, em substituição às pesadas algemas do desafeto.Não é fácil quebrar antigos princípios do mundo ou desenovelar o coração, a favor daqueles que nos ferem.Entretanto, o melhor antídoto contra os tóxicos da aversão é a nossa boa vontade, a benefício daqueles que nos odeiam ou que ainda não nos compreendem.

Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário pensa em enriquecer as munições com que nos possa agredir.Se nos apresentamos desassombrados e serenos, mostrando novas disposições na luta, a ideia de acordo substitui, dentro de nós e em torno de nossos passos, a escura fermentação da guerra.

Alguém nos magoa? Reiniciemos o esforço da boa compreensão. Alguém não nos entende? Perseveremos em demonstrar as intenções mais nobres. Revivamos, cada dia, na corrente cristalina e incessante do bem.

Não olvidemos a orientação do Mestre: Aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.Renasçamos em nossos propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para superar os obstáculos que nos cercam e alcançando a antecipação da vitória sobre nós mesmos, no tempo…Mais vale auxiliar, ainda hoje, que ser auxiliado amanhã.

Temos a oportunidade de nos recriar a cada momento, de rever atitudes, ideias e sentimentos. Somos obra inacabada em processo de aprimoramento. Sejamos como as células de nosso corpo físico, que se renovam completamente de tempos em tempos.Não nos permitamos a acomodação, a permanência numa mesma posição durante muito tempo. Somos feitos para nos transformar sempre.

Com raízes bem firmes, construamos nosso edifício, andar por andar, recriando cômodos, reformando o que precisa ser reformado, sem nos sentirmos embaraçados por isso. Nossa alma é nossa obra em transformação.

Não nos  deixemos destruir…Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas, Recriemos nossa vida, sempre, sempre. Removamos pedras. Plantemos roseiras e façamos doces. Recomecemos. .Façamos de nossa vida mesquinha, um poema. E viveremos no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os sedentos. Tomemos a nossa parte.Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede.’  (Texto adaptado da Redação do Momento Espírita, com base no cap. 56,
do livro 
Fonte viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed FEP e no poema 
Aninha
e suas pedras, do livro Melhores poemas, de  Cora Coralina,
ed. Global Pocket.
Em 8.6.2018.)

Voltando ao título, a vida é cheia de encerramentos de ciclos e muitas vezes eles ocorrem de forma dolorosa: uma demissão, um término de relacionamento e até mesmo a perda de um ente querido podem parecer situações difíceis de sair. Esses momentos podem ser vivenciados com o que chamamos de luto e isso não tem necessariamente a ver com uma morte física.

O luto emocional do encerramento de um ciclo pode ter as fases de negação, raiva, barganha, depressão e aceitação como identificou a psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross. Em seu livro “A Roda da Vida”, ela afirmou que não existe alegrias sem dificuldades e prazer sem dor e que em momentos em que não se vê saída em uma situação, há duas coisas possíveis de se fazer: cair no negativismo e procurar culpados ou seguir em frente e recomeçar.

A cada ano devemos recomeçar continuando, analisando os acertos e os erros do período anterior e isso deve ser feito diariamente, como nos recomenda Santo Agostinho. Não esperemos a meia noite do último dia  de dezembro de cada ano.

Akino Maringá, colaborador 
Foto – Reprodução

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