A polêmica surgiu na manhã de ontem após conteúdo divulgado por uma página, aparentemente religiosa, no Facebook. A publicação mostra um áudio que teria sido enviado pelo ex-arcebispo de Maringá, Dom Anuar Battisti, a padres do município. A informação da mensagem é que Anuar não poderá mais celebrar missas na Cidade; proibição seria do Arcebispo Dom Severino Clasen e do Vigário Geral, Padre Israel.
“Eu terminando o tempo de convalescênça para retornar a Toledo, vieram os dois, Dom Severino e o Vigário Geral Padre Israel Zago, me comunicar que estou proibido de celebrar nas paróquias, inclusive na catedral. Não posso presidir missa em público. Os motivos não apareceram. O papa pede aproximação, caminhar juntos, nós estamos pegando um caminho completamente diferente”, diz trecho do áudio.
A voz nítida, que dificilmente não é de Dom Anuar, segue dizendo que pediu explicações se cometeu algum crime ou infração canônica para receber a punição, mas não teve nenhuma resposta. Chama o ato de “verdadeiro castigo”. No áudio, que parece ter sido gravado em novembro do ano passado, próximo da visita do núncio apostólico da Igreja Católica no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, a Maringá, também é revelado uma outra determinação.
“Também estou proibido de me encontrar com vocês, ele [Clasen] perguntou a um outro sacerdote se eu fui visitá-lo e o padre disse que sim. Fui visitar, celebrei uma Missa e depois fizemos uma janta em casa e encontramos alguns amigos. Nesse sentido há uma investigação, um ‘quer saber aonde eu ando o que eu faço com quem eu encontro’”, revela mensagem.
Em outro momento, em um tom de descontentamento e falta de informação por tudo que está acontecendo, o interlocutor diz que a relação com o atual arcebispo de Maringá era amigável até então: “Muito tranquila a amizade e ele só pediu que eu comunicasse quando viesse para celebrar missas nas paróquias. Que eu poderia celebrar sempre comunicando a ele. Foi o que eu fiz em 2021. Foram praticamente quatro celebrações o ano passado todo, inclusive ele concordou que eu celebrasse a Missa da véspera de Nossa Senhora da Glória na Catedral.”
CARTA
A arquidiocese de Maringá informou que um padre ou bispo que viva em outro território arquidiocesano precisa de autorização do arcebispo local para celebrar missas, é uma norma da Igreja Católica. Nesse caso, importante ressaltar que Dom Anuar reside atualmente em Toledo desde 2019 quando deixou a Arquidiocese de Maringá.
Em uma carta dirigida a padres, Dom Clasen conta que desde a chegada a Maringá, dia 15 de agosto de 2020, pediu a dom Anuar Battisti que celebrasse somente de forma privada no território da arquidiocese e quando solicitado a celebrar de forma pública só o faça com prévia autorização. assim como já vinha acontecendo. “Entendo que é preciso tempo para que as feridas se curem e para que eu possa, a exemplo do Bom Pastor, reunir o clero e povo de Deus que por motivos diversos estavam dispersos. Os motivos para esta determinação existem. Contudo, por uma questão ética, não convém expô-los. ‘Acolher e Cuidar’ é meu lema episcopal e minha missão de vida, e por isso, busco em meu dia a dia pôr em prática. Acolher é para mim um rasgar o coração, pôr de lado as diferenças e amar, assim como Jesus mesmo nos acolheu e amou. Cuidar, todavia, exige de mim atitudes e que por vezes precisam ser firmes para resguardar a dignidade e a integridade daqueles que Deus me confiou”, escreveu Clasen.
Sobre a amizade com Dom Anuar, o atual arcebispo de Maringá disse da parte dele continuará por serem irmãos de sacramento, batismo e por conta da dignidade episcopal. Encerra a carta dizendo “a todo o clero, agradeço pela caminhada que juntos estamos fazendo e espero continuar contando com vosso apoio, sobretudo, em situações difíceis e complicadas. Que Maria, mãe de Jesus, nos alcance, por sua intercessão, o dom da unidade que tanto Jesus desejou para a sua Igreja”.
Até o momento Battisti não se pronunciou sobre o caso.
Victor Cardoso
Foto – Reprodução
