Ei… Não vale dizer que saiu da escola faz muitos anos. Não, não! Isso é desculpa. Estudar não tem a ver com escola; tem a ver com a vida. Se você pensa em estudar apenas na escola, está profundamente equivocado, equivocada.
Quem não quer parar no tempo, estuda; quem quer se desenvolver profissionalmente, estuda; quem quer cuidar bem de suas emoções, estuda.
Dias atrás, fiz um post curto lá no Instagram sobre o cuidado das nossas emoções. Na ocasião, ressaltei que, quem é gestor de suas emoções, é mais feliz, vive melhor. Uma leitora me escreveu: “prof., como faço isso? Como cuido das minhas emoções?”.
Muita gente tem a bênção de, durante a infância, receber da família todo o estímulo e a educação necessários para o desenvolvimento das competências emocionais e sociais. Entretanto, esse é, digamos, um benefício de poucos.
Por isso, a maioria, pra ter saúde emocional, terá que investir nisso. E como fazer esse investimento? Estudando!
Ouvir e ler o Ronaldo ajuda? Ajuda. Assistir vídeos com palestras de psicólogos, educadores, terapeutas etc. ajuda? Ajuda. Mas não é suficiente.
É preciso fazer uma jornada de autoconhecimento, que envolve a leitura, a pesquisa, exercícios… Ou seja, estudo. É preciso estudar! É preciso estudar para se conhecer, para desenvolver as habilidades emocionais e sociais necessárias para viver melhor. Ou seja, respondendo a pergunta da minha leitora, se ela deseja cuidar das emoções, precisará estudar sobre como cuidar de si. Essa é uma competência que todos podem desenvolver, mas não cai do céu.
E vai além…
Se você quer ser um bom pai, uma boa mãe, não dá para educar as crianças de forma intuitiva. Talvez, no passado, até era possível aprender com o exemplo dado pelos próprios pais – ou tentando não cometer os erros deles. Hoje, para ser pai/mãe, é preciso estudar a fim de entender a cabeça das crianças nas diferentes fases da vida, compreender as tecnologias que afetam o olhar deles para o mundo. Lamentavelmente, a maioria das famílias tem falhado na educação das crianças por desconhecer o tamanho do estrago causado por determinadas escolhas feitas em casa.
Por isso, estudar é o verbo que mais deveríamos conjugar – como prática de vida.
Se você faz pão para vender, você precisa estudar novas receitas, descobrir novos ingredientes… Estudar técnicas de venda, de marketing… Se não faz isso, seu desenvolvimento será limitado.
Se você é fisioterapeuta, deve estudar sempre para manter-se atualizado sobre a resposta do corpo aos estímulos de determinados exercícios, sobre o uso de aparelhos, tecnologias…
Ou seja, nenhum profissional se torna brilhante sem um investimento diário no aprendizado. E esse ato de estudar não precisa, necessariamente, ser na escola. Pode ser por meio de livros, de pequenos cursos… E, hoje, com a internet, tudo está muito mais acessível, fácil e barato.
Mas por que pouca gente estuda? Por que a maioria não leva a sério os estudos?
Porque estudar cansa. Dá trabalho.
O maior educador brasileiro, nosso querido mestre Paulo Freire, afirma que “[…] Estudar não é uma tarefa de facilidade. Não é um piquenique num fim de semana numa praia tropical. Estudar é muito mais demandante”.
O autor também afirma:
“A natureza do ato de estudar não é a de quem apenas se distrai. O ato de estudar te exige tanto que termina por te cansar. Ele [o ato de estudar] tem que criar em ti uma paciência impaciente, uma tenacidade que, se não existe, frustra o ato de estudar.”
Note, estudar não é divertido. Cansa. E, por isso, Paulo Freire afirma que é preciso desenvolver uma paciência impaciente… Ou seja, é preciso ter paciência para ser perseverante, manter-se estudando e, ao mesmo tempo, ser impaciente no sentido de haver inquietação, uma insatisfação com o próprio saber, de forma a se motivar pela continuidade da busca pelo saber., porque “não é possível saber sem disciplina.”
É a disciplina do estudo que nos leva ao saber. É esse ato de investimento diário, de separar um tempo diário para cuidar de si mesmo, que te leva ao saber. Um saber que pode ser do campo cultural, emocional, social, profissional e, inclusive, espiritual.
O crescimento no saber demanda esse investimento: o investimento nos estudos, que, como Paulo Freire diz, “não é um piquenique num fim de semana numa praia tropical.” Porém, estudar é transformador. Te faz crescer, nos faz crescer.
Por isso, se você não gosta de estudar, aprenda a gostar. Desenvolva o gosto! Vale a pena.
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Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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