Nos anos 2000 a 2003 tive a honra de dividir espaço na coluna opinião do jornal O Diário do Norte do Paraná, com destacados religiosos de Maringá e agradeço sempre ao então Editor de opinião, Edson Lima e ao Editor Chefe, hoje meu amigo Edivaldo Magro, que nos concederam a oportunidade.
Entramos na cota dos espíritas, após questionamento de minha parte, que havia chegado em 96, e desde então , como assinante do jornal, nunca tinha lido nada sobre a Doutrina Kardecista, naquela coluna, e algumas vezes vi artigos ofensivos, dando a entender que Espiritismo seria coisa do demônio, algo sim. Por três anos, às sextas-feiras, era publicado um texto por nós assinado, aos sábados por um pastor evangélico e nos domingos, por Dom Jaime, Arcebispo.
Tenho muitos recortes dos artigos da época e esta semana encontrei um do Reverendo Naamã Mendes, publicado em 28 de julho de 2001, com o título: Um político, um endemoninhado. Qual a diferença ?. Pela atualidade do texto, peço licença para publicar um resumo e completar com uma reflexão:
Escreveu o pastor:
‘Vimos, pela televisão, aquela e expressão de fracasso nos olhos, o corpo curvado, o rosto entre as mãos, braço sobre os ombros do policial federal que o apoiava, um silêncio irônico e triste, era o juiz Nicolau, voltando mais uma vez para a prisão.
Poderia ser um dos anões do orçamento do Senado, Mário Carneiro, Collor e boa parte dos seus ministros, Angelo Calmon de Sá, Naji Nahas, Pita, o dono da Encol, Pedro Paulo de Souza, o banqueiro Ricardo Mansur, o deputado Hidelbrando, os ex-prefeitos de Londrina e Maringá, um assassino feroz, um estuprador, um homem ou mulher comum, um pastor ou um padre, qualquer um de nós.
Isso porque, segundo a Bíblia, temos uma natureza pecaminosa e essa natureza má estruturou-se na sociedade de tal forma, que a maldade e a corrupção se multiplicam sobre a face da terra dia após dia.
A natureza pecaminosa desse tipo de seguimento da sociedade é alimentada por interesses políticos, ganância econômica, entre outros tipos de ambições, que podem arraigar-se com tanta intensidade na vida das pessoas a ponto de torná-las objeto de manipulação exclusiva de satanás.
A Bíblia descreve o caso de um jovem que nasceu ajustado, mas na medida que conviveu com a sociedade corrupta e pecaminosa abriu a possibilidade para que ele fosse endemoninhado.
O texto prossegue, mas permito pular uma parte para chegar ao questionamento ao autor(…) Não estariam as atuais autoridades agindo da mesma maneira ( digo eu (Akino), sob a influência do demônio). Hoje elas julgam, amanhã são sabemos se estarão presas condenadas
Aqui faço um parênteses para reproduzir uma anedota contada por um dos vencedores do Big Brother Brasil, programa que começou naquele ano de 2001, e apesar de todas as críticas, continua até hoje no ar. Contou-a, Dhomini Ferreira, vencedor da terceira edição: ‘Mãe, o pastor pediu para orar pelo ( disse o nome de um dos dois principais pré candidatos a presidência da república para a eleição de 2022) falou que ele está sendo atacado pelo demônio. E eu respondi: Pastor, não vou me meter em briga de família.’
Brincadeira à parte, passados 21 anos do texto escrito pelo pastor, é provável que o autor tenha mudando seus conceitos, pois muita coisa aconteceu e a corrupção não diminui, apesar da grande bancada evangélica na Câmara e no Senado.
Se Lula um dia disse que não há Alma mais honesta que ele, Bolsonaro garante no seu governo não há corrupção, apesar de evidências, que os não fanáticos percebem. O Juiz Nicolau, citado no começo do artigo, um corrupto, que ficou conhecido por lalau, cumpriu alguns anos de cadeia e morreu em 2020. Depois tivemos outro juiz corrupto, acusado de venda de sentenças, Rocha Matos, condenado a mais de 30 anos de prisão, no âmbito da Operação Anaconda, de 2003.
Agora, um ex magistrado sério, bem intencionado, que foi o responsável pela maior operação de combate à corrupção, o maringaense Sérgio Moro, é ameaçado pelo sistema que reage.
Corrupção é coisa do demônio? Não, é falha de caráter, falta honestidade e vergonha na cara. Talvez até se possa dizer ‘falta de temência a Deus’, cuja lei não pode ser burlada pela delação de confissão a um sacerdote, ou a aceitação de Jesus como salvador. Aqui os políticos, com omissão dos eleitores, até podem prender o juiz que os prendeu justamente, mas quando retornarem ao Mundo Espiritual serão condenados, certamente. Não ao inferno de fogo, que alguns ainda acreditam seja administrado figuras mitológicas como satanás ou o demônio, mas ao inferno exemplar e sofrer na pele os males que causaram, para assim redimirem, e não mais repetirem os erros como nos ensina da filosofia espírita, que não deixa dúvidas sobre a justiça de lei da reencarnação.
Akino Maringá, colaborador
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