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Dois anos após morte de Magó, irmã enumera avanços em leis para mulheres

A multiartista Maria Glória Poltronieri Borges, a Magó, foi encontrada morta no dia 26 de janeiro de 2020 em uma chácara em Mandaguari. Local onde foi para acampar e passar o final de semana. Agora, dois anos depois, a dor de perder a irmã ainda é presente diariamente na vida de Ana Clara Poltronieri. A jovem fez uma homenagem por meio das redes sociais pedindo justiça e mostrando a dificuldade de seguir a diante.

“Dois anos se passaram e estamos aqui como uma rosa despedaçada esperando por justiça. Tudo na natureza tem um ciclo de vida-morte-vida. Viemos pra essa vida de agora, ‘nascimento’, e tentamos viver em plenitude. Esse ciclo se encerra, em um corpo fisico, ‘morte’, e nosso espírito, nossa consciência, nossa energia renasce. ‘renascimento’. Dúvidas de que Magó está em um nível superior de consciência, nós nunca tivemos. Porque ela praticava isso aqui, com todos. Seguimos resistindo com firmeza e coragem. É impensável e ainda muitas vezes inconcebível tudo o que aconteceu. Mas resistir é lutar e é o que nos resta. Esperamos ainda por justiça”, escreveu a irmã de Magó.

Segundo o pai, Maurício Borges, a dor é o aspecto mais difícil desse processo de luto, sendo o reflexo mais evidente de um processo de ruptura de vida. Descreveu que essa não é uma dor como outras, que vão embora; ela somente ameniza, porém “quando há algo que faz a gente lembrar da Magó, essa dor volta com muita força. Não faz parte da natureza humana. Você nasce, se desenvolve, cresce e o natural é que os pais vão embora antes dos filhos. Quando isso é invertido, é muito difícil superar.”

Na publicação via Facebook, Ana Clara enumerou alguns ganhos que foram obtidos ao longo dos dois anos sem a irmã.
“A lei criada em Mandaguari que instituí o dia 25 de janeiro como o dia municipal de combate ao feminicídio; mudança do nome Teatro Reviver para Teatro Reviver Magó na Praça todos os Santos em Maringá; a criação da obra de arte ‘Madeixas de Magó’ idealizada pelo artista plástico Paolo Ridolfi; a criação e instalação da obra de arte coletiva de cerâmica ‘Magó, o Feminino é sagrado’ na praça todos os Santos; a inauguração do Jardinete Maria Glória Poltronieri Borges em Curitiba; a criação do projeto de Lei Federal PL354/2021 que será votada no congresso nacional; mais de 17 cidades que fizeram manifestações em memória de Magó repudiando a cultura do estupro e do feminicídio, não só no Brasil, mas também no Chile, na Argentina, na Itália, na Alemanha e na Holanda; e vídeos clipes, esculturas, danças, espetáculos, músicas, performance em memória da artista”, listou Ana.

Ao final do texto ela escreveu que “é com essa força, essa força de uma guerreira, de uma anciã, de uma mulher e de uma menina, é com essa mulher Maria Glória, que carregava tantas mulheres dentro do peito dela, com tanto amor, que nós seguimos.”

Maria Glória tinha 25 anos quando foi assassinada. O corpo foi encontrado perto de uma cachoeira com várias marcas de luta. Exames do Instituto Médico-Legal (IML) comprovaram que ela sofreu violência sexual e foi asfixiada. Flávio Campana, de 40 anos, estava na mesma chácara que Magó e foi preso dias depois em Apucarana, onde morava. Sempre negou o crime, mas material genético foi encontrado na calcinha da vítima.

Victor Cardoso
Foto – Reprodução

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