Estava pensando, comovido com o noticiário dando conta de centenas de mortos em desmoronamentos de encostas que atingem moradias em locais de alto risco em diversas regiões do Brasil, no Rio de Janeiro e na região serrana do estado, mais precisamente em Petrópolis, que sofre uma das maiores tragédias da história e não é a primeira.
Lembrei de tantas cidades banhadas por rios e córregos , por todo pais, e as situações de calamidade que se repetem todos anos, quando me chamou a atenção uma fala do presidente Bolsonaro, pela lógica absurda, em um dos palanques o governador, prefeito,vereadores, deputados, anunciando recursos do governo federal, depois de sobrevoar a devastada Petrópolis ( pisar na lama não se faz).
Disse o presidente mais ou menos isso: Cobram ações de prevenção, mas para isso dependemos de previsão no orçamento. Quando a situação é de emergência, como nesta tragédia, não temos limitações….
Como assim, me perguntei. Dinheiro para o ‘fundão eleitoral’, para as emendas do orçamento secreto e outras emendas não secretas, para obras não prioritárias como o contorno sul metropolitano em Maringá, têm. Mas para obras de proteção, e retirada de pessoas de locais onde fatalmente sofrerão com desmoronamentos, em caso de excesso de chuvas, e alocando-as em locais seguros, não sobram recursos nos orçamentos federais, estaduais e municipais. É isso mesmo que entendi? Mas depois da porta arrombada vai se consertar a fechadura? Ilógico, cruel, desumano.
Pensei nos cartões corporativos e o quanto gasta a presidência sem que saibamos em que. Nas viagens com aviões da FAB e de carreira como o Mário Frias, para ‘fazer turismo em Nova York’ , com dinheiro público. No luxo dos palácios da presidência e vice. Para que uma residência oficial para o vice- presidente?
Lembrei dos 513 deputados e 81 senadores e os milhares de assessores ,na prática são muito mais cabos eleitorais para as reeleições, do que servidores do público que os paga. Dos milhares de vereadores e assessores, muitos igualmente só cabos eleitorais e pensei que poderiam ser reduzidos em dois terços. E os municípios que não têm receitas próprias e dependem do fundamentalmente do FPM, que poderiam ser anexados a maiores, gerando economia para os orçamentos, mas interesses políticos de deputados não deixam aprovar uma emenda constitucional que foi proposta pelo ministro Paulo Guedes.
Refleti sobre a chaga da corrupção e uma postagem de Deltan Dallagnol dizendo: ‘Os mortos em Petrópolis têm uma assassina em comum: a corrupção. A força-tarefa da operação Lava Jato no Rio de Janeiro descobriu que a Secretaria Estadual de Obras do Rio de Janeiro, responsável por evitar tragédias como a que estamos vendo em Petrópolis, viveu anos subjugada por uma organização criminosa especializada em fraudar licitações, superfaturar material de construções e desviar dinheiro público, diz matéria do g1 – O Portal de Notícias da globo.
A Secretaria foi cooptada durante 15 anos em um bunker arrecadador de propina, uma verdadeira mina de dinheiro clandestino arrecadado criminosamente para campanhas políticas do então PMDB (hoje MDB).
Além dos 5% de propina pagos por empreiteiras ao ex-governador Sérgio Cabral, havia ainda uma “taxa de oxigênio” de 1%, que era paga para titulares da Secretaria. O oxigênio que faltou para as vítimas soterradas em Petrópolis era o mesmo que abastecia os cofres dos corruptos. A corrupção é uma assassina silenciosa, que, junto com a incompetência, mata centenas de uma vez só, como a tragédia em Petrópolis nos mostra mais uma vez.
Pensei mais um pouco e conclui que neste momento só me restava orar pelas vítimas e pelos políticos insensíveis. Abri o Livro o Evangelho Segundo Espiritismo, encontrei mensagem a seguir, ditada por pelo Espírito Irmã Rosália , em Paris, no ano de 1860, quando da codificação da Doutrina Espírita, por Alan Kardec. Eis a mensagem:
“Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos que nos fosse feito”. Toda a religião, toda a moral, se encerram nestes dois preceitos. Se eles fossem seguidos no mundo, todos seriam perfeitos. Não haveria ódios, nem ressentimentos. Direi mais ainda: não haveria pobreza, porque, do supérfluo da mesa de cada rico, quantos pobres seriam alimentados! E assim não mais se veriam, nos bairros sombrios em que vivi, na minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças necessitadas de tudo.
Ricos! Pensai um pouco em tudo isso. Ajudai o mais possível aos infelizes; daí, para que Deus vos retribua um dia o bem que houverdes feito: para encontrardes, ao sair de vosso invólucro terrestre, um cortejo de Espíritos reconhecidos, que vos receberão no limitar de um mundo mais feliz. Se pudésseis saber a alegria que provei, ao encontrar no além aqueles a quem beneficiei, na minha última vida terrena! (..)
E conclui pensando no quanto estão enganados os partidários do candidato ‘A’ ou do e ‘B’, acreditando nos seus bons propósitos. No fundo eles são insensíveis, querem apenas beneficiar a si, suas famílias e amigos próximos. Por que não se abre mão do fundo eleitoral para ajudar os desabrigados? Por que não destinam os bilhões do orçamento secreto, acabando com essa excrescência.
Seja quem for o eleito, dos políticos conhecidos, os pobres continuarão com fome, agradecendo um bolsa ou auxílio de menos de quinhentos reais mensais, enquanto eles, terão a vida nababesca, com recursos dos impostos pagos por esses pobres … Só nos resta orar, rezar, pedir ajuda a Deus para que sejamos inspirados a fazermos escolhas melhores.
Tragédias com as de Petrópolis são evitáveis, com competência e honestidade e como bem disse Irmã Rosália, com a simples aplicação deste preceito: “Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos que nos fosse feito”. Toda a religião, toda a moral, aqui se encerram. Se eles fossem seguidos no Brasil, este país seria uma potência mundial, pois não haveria corrupção e sem corrupção, dinheiro para realizar tudo que os brasileiros precisam.
Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução