A pontualidade está diretamente relacionada à gestão do tempo. Quem vive atrasado é um mau gestor do tempo.
É fato que atrasos podem ocorrer. Você pode estar saindo de casa, tropeçar, cair e sujar sua roupa. Voltar e trocar de roupa pode demorar mais tempo do que o desejado. Isso resulta em atraso.
Você pode enfrentar um congestionamento não esperado e perder o horário. Recordo que, meses atrás, saí para um compromisso noutra cidade com uma margem de segurança de 30 minutos. A viagem deveria ser de, no máximo, uma hora. Porém, demorou duas horas e meia. Fiquei preso na estrada, em função de uma obra que não tinha sido notificada aos usuários da rodovia.
Não temos controle sobre essas coisas.
Porém, existe diferença entre situações acidentais ou inesperadas e o atraso rotineiro. Tem gente que se atrasa pra tudo – até para um compromisso de lazer, num dia de folga. É impressionante!
A pessoa está em casa o dia todo e aí tem um programa de lazer com hora marcada. Poderia tranquilamente se organizar para sair no horário, mas não consegue. Isso é má gestão do tempo.
É plenamente possível não se atrasar. Basta se conhecer, conhecer o seu ritmo de vida e o tempo que você precisa para a execução de suas tarefas e compromissos. Se você demora uma hora para tomar seu banho pela manhã, arrumar-se e tomar um café, não adianta tentar todos os dias fazer isso em 50 minutos. Você vai passar a vida inteira brigando com o relógio. Sempre vai se atrasar.
Se você demora duas horas pra fazer o almoço, e o almoço precisa estar pronto ao meio-dia, tem que começar às 10h.
Se você vai ter uma reunião importante no meio da manhã, às 9h30, não marque outra reunião para 9h, porque a chance de atrasar é grande.
Note, romper com a cultura do atraso passa por se conhecer, conhecer o seu ritmo de vida e o tempo que precisa para a execução de suas tarefas e compromissos.
Conheço uma jovem senhora que sempre chega atrasada ao trabalho. Na cabeça dela, da casa dela até a empresa, são sete minutos. Ela fez o percurso em sete minutos uma única vez em três anos. O tempo médio, na prática, são quinze minutos. Enquanto insistir que dá para fazer em sete, continuará se atrasando.
Percebe?
Essa consciência sobre si, sobre o seu ritmo e sobre o seus compromissos é o passo decisivo entre ser gestor do seu tempo ou ser refém do atraso.
O atraso é deselegante e também um ato de desrespeito aos outros. Além disso, é um dos mais poderosos agentes provocadores de estresse. Atrasos causam estresse. A pessoa vive afobada, correndo, agitada, desatenta… E, pior, frequentemente, atrasos fazem da pessoa que vive atrasada uma mentirosa.
Quem atrasa, quase sempre, precisa se desculpar pelo atraso. Para não ter que assumir que é uma pessoa que falha em seus compromissos, quem atrasa, mente. Mente arrumando uma desculpa qualquer para seu atraso.
Ironicamente, já vi esse tipo de mentira até na igreja. A programação atrasa e, quem vai fazer a abertura, apresenta uma justificativa qualquer. A justificativa não passa de uma mentira. O atraso começou porque alguém não estava no horário adequado para fazer o que deveria ter sido feito.
Portanto, fica aqui meu desafio pra você: tome consciência sobre si mesmo, sobre seu ritmo e sobre os seus compromissos. Observe o tempo necessário para execução, trabalhe sempre com uma margem de segurança (um tempo a mais para resolver o que precisa ser resolvido, uma agenda mais flexível), vença a ilusão de que é possível fazer rapidinho.
Quase todo mundo que diz “é rapidinho” geralmente tem problemas com a gestão do tempo. Quando eu escuto um “é rapidinho”, logo penso: “rapidinho quanto”? Já sei que vou me estressar com atrasos alheios.
Enfim, acabar com o mau hábito do atraso só vai te ajudar. Você vai viver menos estressado, vai ter mais tempo para você, vai se organizar melhor, vai causar uma melhor impressão nas pessoas e não vai precisar mentir para se desculpar.
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Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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