Vamos falar da paz de espírito de cada um, que resultará na tão sonhada paz entre os homens. E qual a receita para se obter a paz de espírito?
Há que se saber das necessidades e dos limites do cérebro, do estômago e do coração e não exigir demais de nenhum dos três, mas não deixar que lhes falte estímulo necessário. Considerar as traições e falhas alheias como fraquezas. Não falar de coisas que não tenham outra função a não ser aquela de deprimir. Importante é também não opinar contra ou a favor de matérias que se desconhecem, ou de pessoas de que não se sabem os motivos. Imperioso agir sempre às claras. Falar com a certeza justa sem temer os resultados. Imprescindível não fazer promessas que não possam ser cumpridas.
Para construir paz de espírito é preciso conter o ímpeto de tripudiar sobre os vencidos , nas vitórias, e estudar como lição, os erros nas derrotas. Não assinar nenhum compromisso sem a certeza de querer e poder honrá-los. Colocar amor nas coisas que se quer fazer e procurar amar as que se devem fazer, e nunca dizer que se fará amanhã o que não se achou justo fazer hoje. É inteligente não se permitir envolvimento nos erros dos outros e não concordar ser ponto de apoio para que segundos prejudiquem terceiros. É de caráter não falar de ninguém na sua ausência o que não se teria coragem de dizer frente a frente.
Conquistar a paz espiritual exige que se saiba da gratidão sem esperá-la de ninguém; saber da semente certa para plantar o que se quer colher; do respeito que se deve dar para depois receber, de conquistar a confiança que não se deve impor. É preciso ter humildade de, nas estradas da vida, dar passagem ao mais veloz e a habilidade de ultrapassar o mais lento sem derrubá-lo. É importante pagar sempre antes do prazo, e dar um tempo a mais para o devedor. Cumprir as leis para que se possa até gritar contra elas.
Quem quer ter paz de espírito não pode tirar a do outro. Não pode trocar por dinheiro sua crença, seu amor, nem sua opinião. Deve ter a humildade para aprender com quem sabe, e o talento e a coragem para ensinar quem não sabe, mas sem nunca humilhar. Deve ter a ousadia de , entre gente em uma briga, provocar primeiro a paz para depois discutir.Não tomar partido em briga de sócio antigo, nem de marido e mulher e fazer que se amem, se entendam ou se separem sem injustiças, se puder.
A receita acima, segundo o autor, o Jornalista Helio Ribeiro, um dos maiores nomes do Rádio em todos os tempos , é incompleta , mas quem a seguir ficará muito melhor e poderá completá-la fazendo a sua parte para que alcancemos a almejada paz na Terra.
Complemento, lembramos do empenho do atual governo federal em cumprir a promessa eleitoral de facilitar o acesso dos brasileiros às armas de fogo. Pois desde que assumiu o Palácio do Planalto, em janeiro de 2019, o presidente Bolsonaro assinou em torno em 30 de normas que, entre outras mudanças, abrandaram as exigências para a posse e o porte, aumentaram a quantidade de armas e munições que o cidadão pode possuir, liberaram o comércio de armas antes restritas às forças de segurança pública e dificultaram a fiscalização e o rastreio de balas.
A nova política federal vai no caminho contrário ao do Estatuto do Desarmamento de 2003, que havia endurecido as exigências e afastado as armas da população. O estatuto permanece em vigor, mas parte de suas regras foi afetada pelas recentes medidas presidenciais.
Como resultado da guinada, este é o momento de toda a história nacional em que existem mais armas nas mãos de cidadãos comuns. Em 2019 e 2020, os brasileiros registraram 320 mil novas armas na Polícia Federal. De 2012 a 2018, o total havia sido de 303 mil. As autorizações concedidas pelo Exército a caçadores, atiradores esportivos e colecionadores de armas também bateram recorde no atual governo — 160 mil nos últimos dois anos contra 70 mil nos sete anos anteriores. O mercado de armas e munições, tanto as de origem nacional quanto as importadas, está extraordinariamente aquecido.
Estudiosos da segurança pública vêm com preocupação o armamento da população. De acordo com eles, a literatura científica mostra que mais revólveres, pistolas e afins circulando na sociedade necessariamente pioram as estatísticas de violência letal. Para atiradores, ao contrário, Bolsonaro age de forma acertada. Eles entendem que o cidadão precisa estar armado para proteger sua vida e seu patrimônio.
De acordo com Melina Risso, uma das diretoras do Instituto Igarapé (ONG dedicada à segurança pública e aos direitos humanos), a única política pública de Bolsonaro para a área da segurança é a disseminação das armas. Quando anuncia que as pessoas têm que se defender com as próprias mãos, o governo está dizendo: ‘Esse não é meu trabalho. Vocês que se virem’. Na verdade, o governo está enganando as pessoas. A segurança pública é uma das primeiras responsabilidades do Estado e não pode ser terceirizada para os cidadãos, afirma Risso.Ao mesmo tempo, o governo vem destruindo a política de segurança que havia sido construída até 2018 com a participação da sociedade civil, dos gestores públicos e das polícias. Tivemos, por exemplo, a aprovação do Sistema Único de Segurança Pública e o estabelecimento de fontes de financiamento para o setor. São avanços vêm sendo sistematicamente ignorados.
Será que armar a população ajuda na receita de paz? Paz é o contrário de guerra e guerras se fazem com armas. Portanto…
Akino Maringá, colaborador
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