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Use o “contágio coletivo” a seu favor

Você já notou que, quando estamos com outras pessoas, fazemos coisas que não faríamos se estivéssemos sozinhos? Por exemplo, você vai ao shopping com algumas amigas. Você não tem planos de comprar nada. É só um passeio. Mas aí vocês passam numa loja, passam noutra, encontram algumas peças de roupas bonitas. Uma amiga compra uma blusa, outra compra um sapato e te incentivam a provar, vestir… E comprar. Quando você se dá conta, está passando o cartão de crédito e comprando itens que nem precisava.

Já aconteceu com você?

Tenho certeza que você é capaz de lembrar de alguma ocasião em que foi influenciado pelos amigos. Na infância e adolescência, é muito comum. Quando os primos se juntam, os pais ficam com os cabelos em pé. Coisas que as crianças, sozinhas, nunca fariam, acabam fazendo quando estão juntas. Na adolescência, o grupo influencia inclusive a prática de pequenos delitos – as primeiras experiências com bebidas, cigarro, drogas entre outros.

E sabe de uma coisa? Todos são vulneráveis à influência do grupo. Não se trata de fraqueza.

Numa roda de amigos, mesmo não existindo ali nenhuma hierarquia definida – ou seja, mesmo sem a presença de um chefe – alguém lidera, alguém dá o tom das conversas, o ritmo das risadas… Isso acontece com os adultos, mas é fácil recordar que tudo começou quando éramos crianças. Lembra que, na escola, sempre tinha alguém que puxava as brincadeiras ou a bagunça na sala de aula?

O contágio coletivo é citado pelo psicólogo e escritor Daniel Goleman, no livro “Inteligência Social”.

É por isso que uma torcida de futebol se torna tão perigosa. Manifestações públicas, ainda que orientadas para ocorrerem de maneira pacífica, podem se perder na violência se algumas pessoas começarem a agir de forma agressiva, gritando palavras de ordem, depredando espaços públicos, atacando policiais… Em pouco tempo, o grupo é contagiado.

Quando estão num grupo, as pessoas são dominadas por uma “única paixão” que todos compartilham – uma emoção comum que leva à ação conjunta. É assim que funciona o contágio coletivo. Trata-se de uma sincronia fisiológica.

Esse efeito emocional ocorre nos mais diferentes espaços onde pessoas estejam reunidas. Um culto religioso, um show, peças de teatro, um jogo de futebol, um stand-up, concertos… Esses eventos coletivos nos levam inclusive a penetrar um campo de emoções comum a um grande número de estranhos. Pessoas que sequer conhecemos nos influenciam. Entramos no mesmo ritmo.

E, como mencionei, o contágio coletivo se dá também em grupos menores. Três pessoas, por exemplo. Nesse pequeno grupo, aquela que tiver uma presença emocional mais forte, define o tom do grupo. E os sentimentos que vigoram em um grupo podem definir como seus membros processam as informações e, portanto, motivam as decisões que são tomadas por eles.

Bom, por que o Ronaldo está falando sobre isso?

Três razões. Primeira, só conseguimos ter certo controle sobre os efeitos do contágio coletivo se tivermos consciência do que pode acontecer quando estamos com um grupo de pessoas. Se não quiser comprar nada no shopping, evite levar alguém com você. Se está tentando superar algo que sabe que te faz mal – por exemplo, beber -, em hipótese alguma, saia com amigos que bebem. Se você precisa começar um programa de estudos, evite os colegas que não têm compromisso algum com os estudos. Quem aí não lembra de algum jovem que estava “super determinado” em estudar para uma prova, mas acabou saindo para uma balada com os amigos?

Segunda razão, use o contágio coletivo a seu favor. Se sua ideia é estudar, cerque-se de pessoas estudiosas. Se seu objetivo é se tornar mais expansivo, mais divertido, procure um grupo de pessoas animadas, risonhas… Se deseja começar uma dieta ou praticar exercícios físicos, junte-se a pessoas que estejam vivendo o mesmo propósito.

Terceira razão, promova coisas boas… Vou dar um exemplo: a ciência já comprovou que, quando uma pessoa testemunha um ato de bondade, geralmente tem o impulso de fazer a mesma coisa. Por isso, a melhor maneira de mobilizar seus amigos para um ato de bondade, é mostrar o que te sensibilizou, contar uma história e testemunhar o que você fez por essa pessoa. Claro, isso precisa acontecer de maneira autêntica, genuína. Não pode ser um ato hipócrita. Mas, se for verdadeiro da sua parte, as pessoas próximas serão inspiradas por sua atitude e vão te imitar. O contágio coletivo é real… Se você já assistiu um vídeo de alguém falando de uma experiência de superação, ao terminar, provavelmente se sentiu motivado em superar seus próprios limites. Sim, caro amigo, as pessoas sentem necessidade de fazer o que os outros estão fazendo.


Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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