“Sino, coração da aldeia; / coração, sino da gente: / um a sentir quando bate, / outro a bater quando sente” (Antônio Correia de Oliveira).– Difícil achar quem não saiba de cor a bela trova do célebre poeta português. Bela sim, todavia triste.
Mas que bom que os nossos sinos, trazidos para soar na celebração do jubileu de ouro da Catedral de Maringá, têm vocação para a alegria. Vieram festejar a fé e animar a esperança numa cidade otimista de nascença e que tem como padroeira Nossa Senhora da Glória.
Glória a Deus nas alturas, paz a um povo que ama a vida e que semeia amor.
Sino é uma palavra bonita (do latim signum > sinu > sino). Sino, significado, sinal.
Os sinos estão entre os mais antigos instrumentos de comunicação. Nas igrejas, tocam chamando o povo para a oração, dobram expressando saudade, repicam sinalizando acontecimentos auspiciosos. Em Maringá tiveram sempre, e hão de sempre ter, mais motivos para repicar do que para dobrar.
Na primeira Catedral (a saudosa igrejinha de madeira) um modesto sininho registrou grandes momentos vividos pela geração pioneira: a inauguração oficial da cidade, a chegada de Dom Jaime Luiz Coelho, a Marcha da Produção. Na Catedral nova, um conjunto de sinos eletrônicos celebrou a inauguração do majestoso templo, a elevação da diocese à categoria de arquidiocese, as visitas de Nossa Senhora Aparecida,
Agora nossa Igreja-Mãe conta com sete grandes sinos, mediante os quais, além de emitir sinais cotidianos de chamamento para as missas, passa a ecoar solenemente cada evento especialmente marcante para a história da comunidade, a começar pela festa do jubileu de ouro da própria Catedral.
Quantos repiques serão necessários para sinalizar tantas razões de júbilo. Cada badalada lembrará alguém que colaborou fortemente, de alguma forma, não apenas na construção física do majestoso templo, mas sobretudo na belíssima história de fé e amor ali centralizada.
Quantos toques de gratidão recordando a firmeza e a coragem de Dom Jaime; a dedicação de tantos sacerdotes, religiosos, religiosas, diáconos permanentes; a bondade de Dona Antônia; a música de Geraldo Altoé, Polônia, Aniceto Matti; o apostolado de centenas de leigos – ministros e ministras da Eucaristia e da Palavra, catequistas, cantores, coroinhas, dirigentes de movimentos e associações, colaboradores das diversas pastorais, milhares de fiéis anônimos que, rezando, trabalhando, aprendendo, ensinando, ajudaram e continuam ajudando a fazer de Maringá um lugar de gente fraterna, generosa, intrinsecamente do bem.
Por todo o sempre, quando alguém nos perguntar por quem é que aqui os sinos soam, vamos todos responder: pela gente forte e boa que vem edificando a nossa História.
Que os 50 anos de bênçãos que temos podido agradecer em nossas visitas à Catedral Basílica de Nossa Senhora da Glória se estendam pelos séculos dos séculos. Amém.
A. A. de Assis
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