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Entrevista: Silvio Barros diz que Maringá deve continuar se preparando para o futuro

Ex-prefeito de Maringá por duas gestões, Silvio Barros, é um dos palestrantes mais requisitados do País quando o assunto é cidade sustentável. Com uma visão inovadora, futurística e ecologicamente correta, Silvio percorre o Brasil e o mundo levando as experiências de Maringá, divulgando a qualidade de vida proporcionada aos seus habitantes e trazendo ideias que a curto e longo prazo contribuam para o desenvolvimento da cidade.

Em entrevista ao JORNAL DO POVO, Silvio Barros fala sobre a vida profissional, as experiências de outros municípios que podem ser implantadas em Maringá, o diferencial de nossa cidade e os planos para o futuro.

Maringá é referência em qualidade de vida para o país. Qual o grande diferencial de nossa cidade em relação aos outros municípios?

O maior diferencial é uma sociedade civil extremamente bem organizada, atuante e protagonista dos projetos estratégicos de futuro para a cidade. Mesmo percorrendo o mundo todo vendo exemplos de outras cidades muito avançadas, este ainda é um processo que poucas comunidades desenvolveram.

Adequar Maringá para o futuro é sempre um desafio, principalmente na educação, na limpeza pública, na saúde e na segurança. O que pode ser feito pelo poder público para melhorar essas áreas?

Tecnologia. Governo digital, serviços entregues ao cidadão online, inteligência artificial atuando no serviço público. Isso ainda pode fazer uma enorme diferença em Maringá e levar-nos muito mais à frente. As crianças que estão nas escolas municipais hoje estarão entrando no mercado de trabalho daqui há 10 anos, mas o mundo será diferente. Muitas ocupações que os pais delas desempenham atualmente para manter a família nem existirão mais. Outras atividades das quais ainda nem ouvimos falar estarão precisando de pessoas para trabalhar. A escola fundamental além da alfabetização, deveria estar preparando estas crianças para este mundo novo, e não é no quadro negro que vamos conseguir isso. Uma revolução tecnológica precisa acontecer imediatamente na educação básica.

O senhor é convidado para participar e palestrar nos maiores eventos mundiais que debatem cidades sustentáveis. O que o senhor leva de exemplo de Maringá que pode ser implantado em outros municípios? O que existe em outros países que pode ser implantado aqui a curto e longo prazo?

Não sou representante oficial de Maringá e portanto não posso falar pela administração pública nem seus programas, mas falo de governança colaborativa, com o exemplo do CODEM, do Observatório Social, do ICI, da ACIM, do Centro de Inovação, são manifestações de maturidade social que enriquecem a cidade e mostram os benefícios de uma sociedade civil protagonista do futuro. Nisto Maringá não tem rival e como sou membro da comunidade, posso falar com tranquilidade e segurança.

Como prefeito por duas gestões quais foram os marcos de sua administração?

Transparência na gestão, empoderamento da sociedade organizada, projetos estruturantes e transformadores da cidade como o rebaixamento da linha férrea, contorno norte, o Parque do Japão, a Vila Olímpica, acho que são os mais emblemáticos, mas a requalificação urbana do Santa Felicidade é o projeto que mais fala ao meu coração.

Estamos nos tornando realmente uma cidade que oferece mobilidade urbana e se enquadra ao modelo de sustentabilidade?  Qual a sua definição de cidade sustentável e o que esse modelo interfere na vida da população?

Sim. Maringá está se preparando para o futuro com o rebaixamento da linha férrea, o início da implantação dos corredores de ônibus, as ciclovias, o terminal urbano, mas a mobilidade urbana está se transformando muito rapidamente a cidade precisa de ações imediatas para impulsionar as novas tendências. A cidade precisa de um plano de mobilidade elétrica e a exigência de previsão de eletropostos em espaços púbicos e nos novos edifícios que estão sendo construídos. Precisa revisar a lei de edificações e eliminar por completo a obrigatoriedade de vagas de garagem para novos edifícios, assim como inúmeras cidades já fizeram, quem deve regular isso é o mercado e não mais o poder público, pois muito em breve os drones estarão fazendo entregas e a regulamentação destas operações deve estar em andamento. E o mais rápido, fácil e barato, mas que pode produzir impactos imediatos no trânsito e na mobilidade é estimular o compartilhamento de veículos, vagas de estacionamento específicas para carros compartilhados, programas de carona para todas as escolas públicas e privadas, enfim, tem muita coisa que pode e deve ser feita agora para podermos colher os frutos antes dos outros e continuar liderando o ranking das melhores cidades do país.

Qual a cidade do Brasil e de outros países mais semelhantes à nossa?

Eu costumo dizer que cidades tem impressão digital, cada uma é diferente da outra. Podemos comparar em beleza, em paisagismo, em arborização urbana, em qualidade de vida são muitos requisitos, nunca parei para comparar, talvez preste mais atenção daqui pra frente.

A família Barros contribuiu e continua contribuindo para o desenvolvimento de Maringá. O senhor tem planos futuros políticos?

Nosso pai veio para cá aos 17 anos sozinho e ajudou a piquetear as primeiras ruas de Maringá, tinha um amor profundo pela cidade que deu a ele tudo que teve na vida. Ele nos ensinou a valorizar e servir Maringá. Temos feito o nosso melhor até agora e continuaremos fazendo. Eu não tenho planos políticos, aliás nunca tive. Meu plano é cumprir o propósito que Deus traçou para minha vida e aparentemente a missão agora é outra não relacionada com cargos eletivos.

Dayani Barbosa/JP
Foto – Reprodução

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