Celina e Beatriz Abagge (mãe e filha) foram condenadas pela morte do menino Evandro e cumpriram pena de 21 anos, sempre se dizendo inocentes.
Mas a prisão de Lucas Abagge, ocorrida sábado no Mato Grosso do Sul, pode reacender o caso, que já tinha sido dado como encerrado com a condenação dos principais suspeitos pela morte do garoto em 1992 na cidade de Guaratuba, em ritual de magia negra. Lucas, de 32 anos, estava foragido do Brasil após ser condenado a 80 anos de cadeia por assassinatos cometidos no Paraná e foi preso com uma CNH falsa. O nome que constava no documento era justamente o de Evandro Ramos Caetano. Lucas foi preso sábado à noite quando, procedente de Pedro Juan Cabalero (Paraguai), entrou em Ponta Porã com os faróis do carro apagados. Isso levantou suspeita da Polícia, que abordou o veículo e prendeu o condutor.
Conforme a delegada Marianne de Souza, que acompanhou a prisão, Lucas permanece na cadeia de Ponta Porã . “Ele não falou no interrogatório e se negou a assinar as peças do flagrante”, detalhou a delegada. Ao ser detido, estava na companhia da esposa e apresentou uma Carteira Nacional de Habilitação com o nome do menino desaparecido há 30 anos. Só depois de checar a CNH junto à Secretaria Nacional de Trânsito é que as autoridades policiais ficaram sabendo quem realmente era Lucas Abagge, que estava muito agressivo e precisou ser algemado.
A mãe de Lucas , a ex-primeira dama de Guaratuba Celina Abagge, foi uma das condenadas pela morte do menino Evandro Ramos Caetano, ocorrida em 1992. O caso entrou para a crônica policial do Paraná como um dos mais rumorosos do país e ganhou manchetes no Brasil e no mundo. Foi tema até de um documentário produzido e exibido pela Globoplay.
RELEMBRE O CASO – Atrelado ao Caso Evandro está também o desaparecimento de outro menino de Guaratuba, ocorrido uma semana antes de Evandro sumir, após ser visto voltando da escola. Trata-se de Leandro Bossi, na época com 8 anos. O menino, que também era morador de Guaratuba, desapareceu e nunca mais foi encontrado. No último dia 10 o Governo do Paraná confirmou que uma ossada encontrada na cidade litorânea onde tudo aconteceu, era de Leandro. Mas sobre Evandro, nunca foi encontrado qualquer vestígio. O fato de dois garotos, com as mesmas característica físicas terem desaparecido na mesma época e na mesma cidade, levou a Polícia Civil a concluir que Evandro e Leandro podem ter sido mortos da mesma maneira.
Investigações realizadas à época pela Polícia Civil com acompanhamento do Ministério Público, revelaram que Evandro foi morto em ritual de magia negra e que a primeira dama de Guaratuba e sua filha Beatriz, seriam as mandantes. Alguns suspeitos foram presos, entre eles, o pai de santo Osvaldo Marcineiro e as duas mulheres (mãe e filha), chamadas pela crônica policial à época de “as bruxas de Guaratuba”. Celina era esposa de Aldo Abagge, então prefeito de uma das principais cidades do litoral paranaense. Especulou-se na ocasião que o crime teria sido cometido com o propósito de “abrir caminhos” na política e na conquista de fortuna pela família Abagge.
Julgada, Celina e a filha Beatriz Abagge foram condenadas a 21 anos de prisão cada uma. As duas denunciaram em entrevistas e livro, terem sido seviciadas na prisão durante o processo de investigação, para que confessassem o crime. Em janeiro desse ano o Governo do Paraná chegou a divulgar um pedido de desculpas oficial à Celina e Beatriz, pelas torturas, consideradas “indesculpáveis” pelo secretário estadual de Justiça, Ney Leprevost.
Redação JP
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