Deixa eu te contar uma história… O escritor Daniel Goleman, em seu livro “Inteligência Social”, conta sobre um experimento que confirma uma tese essencial: as palavras têm efeitos sobre as emoções e, consequentemente, influenciam as atitudes.
No experimento relatado por Goleman, um grupo de voluntários ouviu uma lista de palavras que faziam referência a indelicadezas, como “rude” e “odioso”; outro grupo ouviu palavras como “atencioso” e “polido”. Ou seja, de um lado, palavras que faziam menção a comportamentos e atitudes gentis; de outro lado, o grupo ouviu palavras que remetiam a comportamentos e atitudes hostis, agressivos.
A fim de observar o efeito dessas palavras sobre as emoções, os dois grupos foram orientados, em seguida, a executar uma tarefa. Eles deveriam transmitir uma mensagem a alguém que estava conversando com outras pessoas.
Veja só o que aconteceu: as pessoas do grupo que ouviram palavras relacionadas à indelicadezas se intrometeram de forma abrupta na conversa, interrompendo as outras pessoas.
E como agiu as pessoas do grupo que ouviram palavras gentis?
Oito das dez pessoas preparadas para a cordialidade esperaram dez minutos inteiros até a conversa terminar – só depois transmitiram a mensagem que haviam recebido para o seu destinatário. Ou seja, tiveram paciência para aguardar o fim da conversa; não interromperam.
Este experimento social confirmou algo que a ciência já desconfiava, mas que desde a antiguidade a Bíblia e também a filosofia clássica nos ensinam: as palavras têm poder.
As palavras influenciam as emoções e o modo de agir. De forma inconsciente, respondemos a comandos implícitos nas palavras.
Por isso, palavras motivadoras, ditas por quem realmente acredita no que diz, tocam o coração das pessoas que as ouvem. Animam, entusiasmam e levam a uma ação propositiva.
Palavras de esperança confortam, acalmam; atuam como bálsamo para um coração angustiado.
Por outro lado, palavras negativas, agressivas, hostis funcionam como gatilhos que despertam o que há de pior nas outras pessoas.
Por isso, é preciso ter sabedoria no uso das palavras.
Existem pais que limitam emocionalmente seus filhos pelas palavras que usam no cotidiano. Existem cônjuges que destroem a autoestima de seus parceiros, parceiras, pelas palavras empregadas no dia a dia do relacionamento.
Existem líderes religiosos, políticos, empresários que não conseguem o engajamento de seus liderados – ou, se engajam, fazem isso disseminando a violência, o ódio – porque não possuem em seus lábios palavras gentis, palavras de encorajamento, palavras de esperança, palavras de amor. Nesses espaços, as pessoas acabam por fazer o que precisam pela obrigação, mas nunca por estarem motivadas.
Gente, somos fortemente influenciados uns pelos outros. Por isso, somos vítimas das palavras alheias. E também fazemos vítimas com nossas palavras. Entretanto, também somos abençoados e podemos abençoar com as palavras.
Por isso, deixo um desafio para você: procure se ouvir mais. Repare nas palavras que você diz, nas palavras que usa. Eu sei que o processo não é simples. Hábitos estão instalados. E a forma como nos comunicamos se dá de maneira um tanto automatizada. Mas você pode contar com as pessoas em que confia. Pode pedir que elas te ajudem e avaliem suas palavras. Ter esse feedback sobre suas palavras pode te ajudar a crescer, tornando-se mais atento ao que você fala e, com isso, fazendo a diferença na vida das outras pessoas.
Talvez seja necessário mudar todo um vocabulário, o tom de voz, as expressões faciais… Mas vai valer a pena! Você será o primeiro abençoado ao abençoar pessoas com suas palavras.
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Ronaldo Nezo
Jornalista e Professor
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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