Sabe aquelas situações que são irreversíveis… Como você lida com essas situações? Você reage com serenidade ou você sofre, se revolta, lamenta, reclama e não consegue aceitar?
Se você é o tipo de pessoa que enfrenta com serenidade, você faz parte da minoria.
A maioria das pessoas tem enorme dificuldade para aceitar as circunstâncias adversas, para entender que o que é irreversível é irreversível e que isso não significa que a vida acabou.
Das grandes lições deixadas pelo estoicismo, uma importante escola filosófica grega, uma das mais importantes é a da aceitação da realidade como ela é. Nietzsche foi além e, no século XIX, sustentou a necessidade de amar o mundo como ele é – inclusive com sua enorme capacidade de nos moer, de nos fazer sofrer.
Antes mesmo de conhecer o pensamento do filósofo Sêneca (estoicismo) e de Nietzsche, eu sempre repetia: existem momentos em que a realidade se impõe e, quando a realidade se impõe, não adianta espernear, é necessário aceitar.
Aceitar as circunstâncias não significa passividade, significa agir com sabedoria para aceitar o que não pode ser mudado, e lutar pelo que pode ser mudado.
Por exemplo, no início da pandemia de covid-19, não havia vacina e nenhum medicamento para tratamento dessa doença.
Agir com passividade seria aceitar, sem lutar, contra a doença.
Por outro lado, também era necessário aceitar o caos. Era necessário admitir que o coronavírus existe e que teríamos que aprender a conviver com ele – encontrando novas formas de nos relacionarmos, trabalharmos, estudarmos etc – até que a ciência pudesse encontrar uma resposta para enfrentar a doença.
Na vida da gente, a dinâmica é semelhante.
Por exemplo, uma pessoa que foi demitida precisa aceitar a demissão. Ainda que tenha sido de forma injusta, o máximo que pode ser feito é pedir uma indenização na justiça.
Mas a condição de perda do emprego precisa ser aceita. E aceita com serenidade. Isso abre a mente para vislumbrar novas possibilidades e, assim, seguir em frente.
A morte de uma pessoa que amamos é uma das coisas mais terríveis que pode acontecer, mas o que podemos fazer quando alguém nos deixa? É preciso aceitar. Acolher o fato, assimilar, elaborar e encontrar formas de conviver com a ausência.
O que é irreversível é irreversível, não pode ser mudado.
Significa negar o sofrimento da perda, da tragédia? Não.
Vivenciar a dor é requisito necessário para a alma. Precisamos viver a dor da perda. Aceitar a irreversibilidade de alguns acontecimentos significa seguir o fluxo da vida.
Tem gente que perdeu um namorado, uma namorada na juventude e, depois, nunca se abriu novamente para o amor. Tem gente que não conseguiu estudar na juventude e passa a vida lamentando o destino.
Gente que não aceita, estaciona na vida.
O problema é que a vida não para e, como a pessoa não aceita continuar sem o que foi perdido, a pessoa, de certo modo, é arrastada pela vida. A pessoa é arrastada chorando, lamentando, reclamando… Amarrada ao passado, não enxerga o presente e perde a oportunidade de ver outras possibilidades de vida.
É preciso exercitar a razão e reconhecer quando nossos desejos estão em conflito irrevogável com a realidade.
A sabedoria nos desafia a não sentir revolta ou amargura, e sim a nos submetermos às necessidades e demandas da vida.
Talvez tudo que te cabe agora seja cuidar do marido ou uma esposa doente. É o que você queria? Não. Mas vai adiantar ficar lamentando?
Talvez sejamos impotentes para alterar determinados acontecimentos, mas permanecemos livres para escolher que atitude tomar em relação aos acontecimentos.
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Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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