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“Não estou com vontade de fazer isso”

Você já disse alguma vez essa frase: “não estou com vontade de fazer isso”? Eu digo. Ao encarar alguma atividade que me causa desprazer, acabo por repeti-la. Mas o “não fazer” precisa ser muito bem avaliado. Na maioria das vezes, é apenas uma desculpa para não encarar uma tarefa chata, desagradável…Toda atividade que demanda um pouco mais de energia, que apresenta poucas possibilidades de recompensa, é uma tarefa que não queremos fazer.

Semanas atrás, numa de minhas aulas, estive com os alunos do último semestre da faculdade. Na pauta da conversa, a produção do “trabalho de conclusão de curso”, o famoso TCC.

Pra quem conhece, sabe que se trata de um trabalho bastante desgastante. É a maior e mais cansativa tarefa a ser cumprida num curso de graduação. O TCC assusta muitos alunos e leva alguns, inclusive, a desistirem de terminar a faculdade. Apesar disso, poucas atividades acadêmicas acrescentam tanto à formação do aluno quanto o TCC.

Mas meus alunos gostariam de fugir desse trabalho. E eles disseram a frase: “não estou com vontade de fazer isso”. Alguns também mencionaram outra frase: “não sei se vou conseguir fazer isso”.

Ei, independente do que você faz, independente de quem você é, eu sei que vez ou outra você não sente vontade de fazer algumas coisas.

Hoje, semelhante ao que disse aos meus alunos, tenho algumas palavras pra você.

Primeiro, se realmente não quer fazer algo, considere desistir. Talvez seja a hora de desistir e assumir as consequências. Quais são as consequências? Haverá perdas? Você pode assumir essas perdas?

No caso dos meus alunos, levei-os a considerar o seguinte cenário: em quatro meses, poderão estar formados. Desistir significa jogar fora outros três anos e meio de curso. Desistir significa abrir mão de, em apenas quatro meses, colocar no currículo: “portador de diploma do ensino superior”.

Segundo, é necessário identificar quais são as tarefas obrigatórias e aceitar que, se são obrigatórias, devem ser feitas. Relutar em começar só adia o problema, só amplia o sofrimento. Aquilo que poderia ser resolvido em algumas horas, por vezes, leva semanas ou meses para resolver.

Todos nós temos coisas que devem ser feitas, então você também tem de aceitar que é necessário fazê-las, não importa o quanto as deteste.

Terceiro, se a tarefa precisa realmente ser feita, relacione a atividade com algo que importa. Para meus alunos, eu disse: importa encerrar um ciclo em apenas 4 meses e mudar de status profissionalmente?

Foque no que a superação daquele problema vai significar para sua vida. No mínimo, vai significar “alívio”. Você vai poder respirar aliviado por ter concluído. E nosso cérebro gosta disso. Nosso cérebro manda estímulos positivos para o corpo todas as vezes que fechamos um ciclo, que damos conta de resolver algo que precisávamos resolver.

Também vale relacionar às pessoas beneficiadas. É algo que vai alegrar sua esposa? Pronto, faça! Por ela.

Quarto, conceda a você pequenas recompensas. No caso de meus alunos, podem se presentear com algo mais substancial. Tipo, estão sonhando com um celular novo? Então eles podem se presentear com o aparelho desejado assim que terminarem a faculdade.

No seu dia a dia, você também pode se recompensar. Veja coisas que gosta muito e use-as como pequenas recompensas, como prêmios por vencer etapas.

Quinto, aprenda a dizer “não”. Se alguém está te pedindo alguma coisa e você não quer fazer, diga “não”. É algo que não faz sentido e vai atrapalhar seus projetos? Diga “não”. E sem inventar desculpas. Muitas das coisas que nos desgastam, nos aborrecem, são tarefas que assumimos de terceiros. As pessoas pedem e, por medo de magoá-las, concordamos com o pedido. Isso rouba nossa energia, violenta nossa saúde emocional e, por vezes, ainda não nos faz sentir raiva da pessoa que fez o pedido. E de nós mesmos!

Diga “não”. Em curto prazo, talvez isso possa causar algum tipo de aborrecimento em suas relações, mas, a médio e longo prazos, essas escolhas vão fazer de você uma pessoa coerente, que se respeita e que será respeitada.


Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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