Bicampeão mundial de Fórmula 1, Emerson Fittipaldi quer entrar para a política. Mas seu objetivo não é trabalhar em Brasília. A lenda do automobilismo nacional se candidatou ao Senado da Itália, que conta com eleições parlamentares em setembro. Fittipaldi vai concorrer a um lugar no Parlamento Italiano pelo partido Fratelli d’Italia, considerado de extrema direita.
O ex-piloto, de 75 anos, tomou a decisão na quinta-feira passada, após longo telefonema com Giorgia Meloni. A líder do partido tem chances reais de se tornar a nova primeira-ministra da Itália nas eleições de setembro. Considerada controversa, ela já disse ser admiradora do ex-ditador Benito Mussolini e pode se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de governo na Itália.
Fittipaldi é brasileiro, nascido em São Paulo, mas tem sangue italiano nas veias. Seu pai, Wilson Fittipaldi, mais conhecido como “Barão”, também nasceu em solo nacional, mas era filho de imigrantes italianos e tinha a cidadania do país europeu, permitindo a Emerson fazer o mesmo. O lado italiano da família do bicampeão de F1 é originário de Trecchina, cidade com pouco mais de 2.500 habitantes, na província de Potenza.
Nas eleições parlamentares da Itália, Emerson Fittipaldi vai apoiar o candidato à reeleição na Câmara, Luis Roberto Lorenzato, do Lega Nord (Liga Norte), outro partido de direita. De acordo com o periódico italiano Il Giornale, o ex-piloto recebeu o apoio do presidente Jair Bolsonaro para sua candidatura na Itália. Fittipaldi demonstrou apoio público a Bolsonaro na eleição de 2018.
Na Itália, o brasileiro já anunciou propostas ligadas ao esporte e à obtenção de cidadania italiana. “Estou muito feliz em concorrer ao Senado Italiano por meio das eleições parlamentares de setembro. Já tenho várias propostas desenhadas, e todas elas têm como objetivo promover ações ligadas aos brasileiros em terras italianas, tanto ligadas à cultura quanto ao esporte. Espero ter o apoio dos cidadãos ítalo-brasileiros e dos meus queridos amigos da América do Sul”, comentou Fittipaldi.
Ele promete defender o Direito de Sangue da Cidadania Italiana “IUS SANGUINIS”, que estaria sob ameaça, ao tentar incluí-lo na Constituição Italiana. Nesse contexto, Fittipaldi quer agilizar a aceitação e a obtenção de cidadania italiana para atletas de outros países que competem esportivamente no país europeu.
O ex-piloto pretende aproximar do país europeu os descendentes de italianos que moram no Brasil e na América do Sul, com “políticas e projetos de desenvolvimento da atividade através dos fundos de apoio ao atleta e desporte tanto da Itália como da União Europeia”. Nessa integração, a ideia é criar campeonatos na Itália para atletas com descendência italiana que moram fora do país.
Fora do ambiente esportivo, Fittipaldi quer obter o reconhecimento automático de diplomas dos ítalo-brasileiros e da América do Sul na Itália. Na área da educação, pretende até criar uma universidade para acolher descendentes de italianos que estão espalhados pelo mundo.
CRISE FINANCEIRA
Nos últimos anos, o ex-piloto se tornou notícia por dificuldades financeiras, principalmente por causa de dívidas que surgiram quando organizou a prova Seis Horas de São Paulo, disputada no Autódromo de Interlagos, em 2012.
Em junho, a Justiça de São Paulo decidiu-se pela penhora de bens como carros e troféus por uma dívida com a empresa Sax Logística de Shows e Eventos. Ela havia sido contratada para prestar serviços na prova de automobilismo. Alguns dos bens incluem o carro Copersucar 1976, da Escuderia Fittipaldi, a única equipe brasileira da história da Fórmula 1.
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