Dias atrás um amigo me perguntou: “O que é que vocês fazem na Academia de Letras de Maringá?”. Respondi: “Convivemos”. Poderia ter dito que somos um grupo de amigos e amigas que temos como ponte para a afinidade o gosto pela arte de escrever, o interesse pela leitura etc., e que em razão disso nos reunimos uma vez por mês. Poderia também dizer que até nos damos o luxo de partilhar um chazinho com pão de queixo ao final de cada reunião.
Porém nada disso é o principal. O melhor mesmo é que tais encontros nos dão a oportunidade de conviver (viver com outros). Convivendo a gente conhece mais as pessoas, troca ideias, reparte sonhos, brinca, discute, reparte a graça da vida.
Conviver é preciso. Por isso é que desde crianças a gente começa a se enturmar. Na pré-escola, no curso fundamental, no cursinho pré-vestibular, na universidade, na igreja, no local de trabalho, na quadra de esportes, no barzinho da esquina, no clube social, no sindicato, no clube de serviços, no playground do condomínio.
Em cada um desses lugares as pessoas fazem alguma coisa especialmente importante. No entanto o que marca mesmo é a convivência. Gente perto de gente. Gente falando com gente. Gente abraçando gente.
“No man is an island” (nenhum homem é uma ilha), disse o poeta John Donne há mais de 400 anos. Continua valendo. A gente precisa estar com os outros. Cada outro é um pouquinho de nós. Ter amigos/amigas é uma preciosíssima bênção. Alguém com quem conversar, alguém a quem possamos fazer ou pedir algum favor.
No início de Maringá tivemos todos a dura experiência da solidão, especialmente os que chegamos sozinhos, sem nenhum parente, sem nenhum conhecido.
Cada um veio de um lugar diferente, uns de perto, outros de muito longe, ninguém tendo a mínima ideia de em quem poderia confiar. Era pedir a proteção de Deus e enfrentar todos os riscos. Aos poucos, porém, uns foram se tornando íntimos dos outros. Começou a interação entre os vizinhos, entre os colegas de profissão, entre os colegas de escola, entre os frequentadores das igrejas, entre os companheiros de clubes. E foi assim que o pequeno aglomerado de pioneiros se consolidou como uma grande comunidade de famílias que hoje se orgulham tanto do lugar onde residem.
“Afinal o que é que vocês fazem na Academia de Letras de Maringá”, perguntou o amigo. “Convivemos”, respondi. Da mesma forma como convivem tantas outras pessoas em tantas outras associações. Tudo o que se faz nesses encontros é certamente importante, todavia o mais importante será sempre a própria convivência.
Em todo lugar onde gente se encontre com gente formam-se novas amizades e a vida se torna mais suave e mais alegre.
A. A. de Assis
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