Os estelionatários usam nome de advogados e escritórios de advocacia para pedir dinheiro a pessoas que têm precatórios a receber.
O golpe ocorre em todas as regiões do Paraná, segundo a Ordem dos Advogados que denunciou o caso ao Ministério Público. O MP acionou a Polícia Civil que já está investigando o uso do nome de advogados e escritórios de advocacia por golpistas. De posse de dados reais e públicos, como número de processos, eles pedem dinheiro a quem tem precatórios a receber, principalmente oriundos de ações trabalhistas ou previdenciárias.
Um homem, que prefere não ser identificado, perdeu cerca de R$ 13 mil para um golpista. Justificou que o falsário foi tão convincente que ele acreditou mesmo que pagando o valor exigido, receberia com rapidez o dinheiro que havia ganho na Justiça. “São pessoas que conhecem os trâmites judiciais, conhecem as normas, as leis do trabalho, conhecem as normas de um escritório, trabalhista. Os falsários usam termos jurídicos nas mensagens. Isso fez com que eu acreditasse que fosse realmente o meu advogado”, disse em depoimento à Polícia Civil.
De acordo com OAB Paraná, as principais vítimas são advogados e clientes que possuem processo trabalhistas e previdenciários contra o Estado, municípios e a União. O golpe se concretiza por WhatsApp, após o primeiro contato feito por uma mulher que se identifica como secretária de um advogado ou de um escritório de advocacia. Geralmente a tal secretária informa que o processo da pessoa está em fase de liberação e pede à vítima para que entre em contato com um advogado via whatsApp , somente através de mensagem.
Pouco depois o suposto advogado liga para a vítima que, entusiasmada com a possibilidade de receber o que tem direito, concorda em pagar os falsos honorários. Por exemplo: uma vítima passou por Pix R$ 3 mil para golpista, a título de Imposto de Renda e em seguida, mais R$ 10 mil, como honorários, para que pudesse receber os R$ 284 mil a que tinha direito e já estaria liberado para pagamento. Segundo o delegado Emmanoel David, que comanda as investigações no âmbito da Polícia Civil, “os golpistas contatam pessoas que irão receber os precatórios também por mensagem de texto, via SMS. Como os dados são públicos, infelizmente os estelionatários se atentaram e viram uma oportunidade de enganar as pessoas que têm precatórios a receber”.
O advogado Nasser Ahmad Allan disse que “ os clientes começaram a entrar em contato perguntando se éramos nós que estávamos pedindo dinheiro para fazer andar os processos. E aí os clientes sentiram algo estranho e nos contataram. Nós verificamos que era uma quadrilha se passando por advogados aqui do escritório”. As denúncias não param de chegar na OAB Paraná. Para a presidente da Ordem, Marilena Winter, “ o trabalho de investigação precisa ser reforçado e unificado. Ela diz que faltam ações que dificultem o acesso a processos que estão na interne. Os advogados são tão vítimas quanto seus clientes”.
Redação JP
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