Moradores do bairro Mandacaru já se adaptaram a uma rotina diferente e bastante movimentada com a presença dos manifestantes, que desde o dia 2 de novembro protestam contra o resultado da eleição presidencial em frente ao Tiro Guerra. Assim como milhares de cidades brasileiras, Maringá aderiu ao movimento nacional e recebe pessoas que residem nas cidades vizinhas que não tem sede de quartel militar.
Vestidos de verde e amarelo e com bandeiras do Brasil, os manifestantes permanecem em vigília ininterrupta na Avenida Mandacaru ocupando o canteiro central para a concentração e as calçadas laterais para acomodar as barracas onde grupos passam as noites.
Dona Danizete de Paula, 66 anos, é uma das pessoas que também alterou sua rotina para participar da manifestação. “Estou aqui desde o primeiro dia e ficarei até o último. Sou moradora da Zona 7, mas agora também um pouco do Mandacaru já que estou aqui todos os dias e horas. Vou para casa apenas para tomar banho e volto. É uma luta pelo Brasil, pelo futuro dos meus netos e da nossa nação. Eu já vivi muita coisa, mas me preocupo com as próximas gerações. Inclusive meus filhos e netos vem aqui na avenida para me visitar e me apoiar. Fiz novos amigos e estamos sendo muito bem acolhidos pelo bairro”.
DOAÇÕES
Empresários anônimos de toda a cidade apoiam o protesto e doam dinheiro para a compra de alimentos, bebidas e itens de higiene para distribuir aos manifestantes. Bastante organizados, eles fizeram pontos de distribuição de lanches e bebidas no canteiro central da avenida. A alimentação é gratuita e oferecida no café-da-manhã, almoço e jantar. São cerca de 1500 lanches oferecidos por dia.
O empresário Felipe Piva faz parte do grupo de voluntários que prepara e serve os lanches em um dos pontos de abastecimento. “Estamos dando todo apoio para as pessoas que largaram sua rotina e estão aqui há 20 dias lutando por um bem maior. Tudo que preparamos é vindo de doações de empresários, inclusive muitos aqui do bairro que já ficaram amigos das pessoas e fazem questão de dar suporte financeiro para a alimentação. Está tudo organizado, controlado e pacífico”.
O dono do Bar Triângulo, Justo, teve um aumento no movimento de seu comércio com a chegada dos manifestantes. “Para o comércio do bairro é muito bem-vinda a presença desse monte de gente, que dia e noite está aqui movimentando a avenida, aumentando as vendas dos comércios e dando vida para a avenida Mandacaru. Não tivemos nenhum incidente até agora e nem teremos. São pessoas de bem lutando por uma causa comum”, diz Justo.
Apesar de tantos dias fora de casa e sem conforto, os manifestantes não pensam em desistir. “A cada dia recebemos mais apoio dos moradores daqui, de bem passa pela avenida buzinando e dos empresários locais. Isso nos motiva a continuar. Esquecemos o cansaço, damos uma pausa na rotina habitual e por enquanto ficamos aqui unidos pelo Brasil”, relara seu João que mora em Marialva e vem todos os dias pela manhã para a Avenida Mandacaru. “Sou comerciante, mas deixei o trabalho de lado e venho todos os dias para Maringá já que Marialva não tem sede do Tiro de Guerra. Ficarei até o fim”.
Dayani Barbosa
Foto – Reprodução
