Você guarda ódio ou rancor de alguma pessoa? Dias atrás, fiz uma pergunta parecida em minhas redes sociais. Havia falado sobre o perdão e destacado a importância de perdoar.
Entre os comentários, um deles chamou minha atenção. Uma leitora disse: “Eu não consigo. A mágoa é muito grande. Não me livro desta dor e tenho muito ódio.”
Acho que muita gente se identifica com ela. Eu a entendo. Também tenho minhas histórias de mágoa e dor; vez ou outra, sou visitado por memórias que me entristecem e até causam raiva.
Como dizem por aí, quem agride, esquece; quem apanha, nunca esquece.
Atos de humilhação, de traição, de agressividade verbal machucam profundamente. E, por vezes, deixam marcas que geram ódio, mágoa, rancor e até sentimentos de vingança.
Um casamento que terminou de maneira desastrosa pode deixar muitas dores. Esta leitora, por exemplo, não consegue perdoar o ex-marido. Embora muito jovem, não se sente pronta para começar um novo relacionamento. Não confia mais em ninguém. Ela pensa todos os dias em como ferir o ex.
Mas não são apenas relacionamentos amorosos que produzem feridas profundas. Conheço filhos que não conseguem perdoar os pais. Sei de uma história de um homem que não fala com a mãe há quase 50 anos. Os dois já são velhos (ele está na casa dos 70; a mãe já passou dos 90 anos), mas o silêncio segue entre eles.
E sabe o que é pior? Este homem nunca conseguiu se firmar em nenhum casamento, não teve filhos e, mesmo sendo uma pessoa de QI extremamente elevado, foi um fracasso também em suas diferentes tentativas profissionais.
O trabalho também pode ser a origem do ódio, do rancor… Uma demissão injusta, inesperada, causada por alguém que você confiava demais é capaz de fazer a alma sangrar.
Lembro de uma situação em que o colaborador e o diretor da empresa eram bastante amigos. Havia uma relação que transcendia o trabalho. O discurso que o diretor repetia inclusive para os demais membros da equipe era sempre o mesmo: “Deus providenciou para o fulano trabalhar com a gente”.
Entretanto, um dia esse colaborador frustrou a expectativa do chefe. Demissão. E no aniversário daquele funcionário. Decepção, mágoa, raiva… Tudo isso ficou no coração.
Relacionamentos são destruídos quando uma das partes rompe o contrato de boa convivência, fidelidade, lealdade. Dos animais, só o homem é capaz de ferir o outro pela traição ou por uma atitude que quebra a confiança ou que desrespeita a humanidade da outra pessoa.
E, dependendo da importância que o relacionamento tinha para a vítima, a dor será mais ou menos profunda. Por isso, não é simples perdoar.
Entretanto, o problema de não perdoar é que quando você guarda ódio ou rancor de uma pessoa, aquela pessoa segue com você.
No caso da nossa leitora, que citei inicialmente, o ex-marido segue vivendo com ela. Ela não se libertou dele.
Um patrão que te feriu, se você não o perdoou, segue vivendo com você. Pais que te magoaram, seguem te magoando todos os dias.
O perdão liberta. Perdoar é a única forma de deixar a outra pessoa e seguir em frente.
Não adianta se separar, mudar de cidade, arrumar outro marido, emprego, fazer novas amizades… Nada disso funciona se não há perdão. A separação só se efetiva e possibilita a libertação quando acontece o perdão.
Por isso, fica aqui o desafio: o ano está começando… Avalie suas relações e faça um esforço para perdoar. O perdão é um ato divino. No perdão, somos graça, estendemos graça.
No perdão, nos assemelhamos com Cristo, que perdoou, mesmo não havendo mérito algum e nenhuma dignidade em nós.
Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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