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Contrassenso

Aprendi, recentemente, que devemos evitar o uso da expressão, ‘ sou contra’, especialmente nos tempos atuais, onde o bom senso está em falta. O mais apropriado é dizer, ‘não sou a favor’.
Assim, poderia dizer que nas últimas eleições presidenciais ‘não fui a favor’ do candidato X. Então, teria sido ‘a favor’ do candidato Y, perguntariam. Não, é a resposta, ‘não fui contra’.

Isso é um contrassenso, jogo de palavras, poderá dizerum interlocutor mais exaltando, querendo forçar uma definição de nossa parte.
Explico: Não seria a favor nem de X, nem de Y, se Z, que escolhi no primeiro turno, tivesse ido para o segundo. Mas era preciso escolher entre ‘não ser a favor’ e ‘não ser contra’. Fizemos a segunda opção, convictos que foi a melhor, mas não esperem explicações detalhadas, pois embora as tenha e considere lógicas, muitos diriam de pronto: ‘ sou contra’, ‘não concordo’, isso se não partissem para ofensas e xingamentos.

Sobre política, interrompo por aqui, propondo refletirmos sobre nosso comportamento:

Você já observou alguma vez, que o nosso comportamento nem sempre está embasado na coerência? É comum percebermos alguns contrassensos sobressaindo nas nossas ações.
Um deles é o fato de pedirmos a Deus que nos dê saúde, e nos entregarmos a vícios geradores de enfermidades. Ou quando reclamamos os nossos direitos, desrespeitando os dos outros. Se gostamos de ouvir a música de nossa preferência, e ligamos o som num volume que obriga os vizinhos a ouvi¬-la também, esquecendo-nos de que, se temos direitos, os outros igualmente os têm.

Às vezes, em nome da justiça que dizemos defender, cometemos outras tantas injustiças. Alguns de nós lutamos por defender a natureza, o verde, os animais, enquanto crianças morrem, vítimas da fome e da falta de atendimento médico, ao nosso lado.
Outro aspecto está na luta pela paz. Os países, para preservar a paz, promovem o armamento. A paz não se conquista nos campos de batalha, nem virá por decreto. É luz íntima. Se não atentarmos para esses contrassensos, estaremos passando aos nossos filhos a imagem de um mundo no qual não se pode confiar. Um mundo em que não se sabe o que é verdade e o que é mera ilusão, jogo de interesses, mentiras.

É importante que decidamos quais são os nossos verdadeiros valores e lutemos por eles com fidelidade. Seja nosso falar: Sim, sim, não, não, conforme adverte o Cristo. Se dizemos que somos contra a corrupção, não podemos oferecer ‘ um cafezinho’ ou uma ‘cervejinha’, para não sermos multados por um agente público que nos flagre cometendo infrações no trânsito.

Se nos agrada lutar pelos direitos, que o façamos integralmente, defendendo tanto os nossos, quanto os dos outros.Se quisermos defender a natureza, que a nossa defesa seja abrangente, defendendo tudo o que respira na face da Terra. Se desejamos que Deus nos dê saúde, lutemos por preservá-la.

Agindo com coerência em todos os momentos, é que poderemos intitular-nos como verdadeiros idealistas. A paz construída sobre os escombros dos povos vencidos é vitória passageira. A felicidade conseguida à custa das lágrimas alheias, é mera ilusão.
Os direitos que soterram os direitos alheios, são construção de desequilíbrios futuros.Só o respeito mútuo é capaz de efetivar o ideal no bem duradouro, para toda a eternidade.

E concluo esta reflexão, baseada em texto da Redação do Momento Espírita, voltando ao início:

É um contrassenso (palavra que significa ato contrário à lógica, à razão, disparate) não aceitar que outras pessoas tenham o direito de optar pela candidatura X ou Y, e passar considerá-las inimigas, indignas de consideração, como tem acontecido, até entre familiares. Perdoemos, oremos, vibremos positivamente pelos que agem assim, certamente influenciados por uma liderança negativa, que sempre pregou o ódio, o confronto e desqualificação dos contrários. O bom senso há de prevalecer.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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