Início Destaques do Dia Moradores relatam que pessoas em situação de rua estão em toda Cidade

Moradores relatam que pessoas em situação de rua estão em toda Cidade

Com mais frequência, moradores se deparam com pessoas pedindo esmola e se abrigando em pontos do município

Maringá é uma cidade acolhedora, mas essa característica tem contribuído de forma negativa para o aumento da população de rua. Há presença de um grande número de pessoas pedindo esmola. Antigamente essa situação era mais comum na região central; agora, segundo moradores, o registro pode ser feito em todo o município. Até mesmo espaços históricos estão sendo ocupados por essa parcela da população, como é o caso do Cine Teatro Plaza. O local se transformou em abrigo e para consumo de drogas.

Solange Dério, moradora do Jardim Alvorada, destaca que o problema não é exclusividade do centro. Nos bairros, em especial onde ela reside, também tem pessoas em situação de rua e pedindo esmola. Segundo ela, “Maringá foi tomada por carrinhos cheios de entulhos, um meio de sobrevivência para alguns”. Reforça que “a Cidade está feia com tantos colchões pelas calçadas, em frente a estabelecimentos comerciais. Essas pessoas precisam de atenção, um cuidado, mas o trabalhador também tem direito de um local seguro.”

A psicóloga Talismara Fidelis Parisi tem uma clínica próxima ao Terminal Intermodal, área onde pessoas em situação de rua têm se abrigado. Para ela, é necessária uma solução urgente. Trabalhar e frequentar essa região da Cidade, na opinião de Talismara, gera insegurança.

“Minha clínica fica próxima a uma agência bancária tradicional nesse ponto do município e os carrinhos, colchões, diversos itens desses moradores de rua já ficam no local, é como se fosse a casa deles mesmo. Eu morro de medo de atender um paciente mais a noite, perto das 20 horas, por exemplo. Isso porque tenho medo, não me sinto segura. Sempre temos que sair correndo para não ser assaltadas. Muitos usuários e fiscalização nenhuma no local”, reclamou ela.

A gestora de Recursos Humanos, Inglidy Cristina, informou que próximo ao Hospital Municipal e em pontos da Avenida Guaiapó tem mais pessoas pedindo ajuda e dormindo em frente de comércios. Ela lamenta ver pessoas ao relento, tomando chuva, sem comida, amor e carinho. Para a gestora, “nem todos tem oportunidades na vida, muitos já desistiram de viver e acabam usando drogas e vivendo nessa situação. Desilusão, falta de amor, depressão são coisas que levam muitos a essa vida. Todos as pessoas têm suas dores, seu motivo para ter chegado nessas condições. É preciso um trabalho social e atendimento psicológico.”

SAS

A Secretaria de Assistência Social de Maringá, por meio da Assessoria de Comunicação, informou que as pessoas que pedem dinheiro encontram-se em locais pontuais da Cidade. Essa população representa uma heterogeneidade de indivíduos como pessoas em situação de rua, população indígena, imigrantes e pessoas desempregadas. A Secretaria de Assistência Social tem intensificado o trabalho de abordagem social, por meio das equipes do Centro Pop e também com o atendimento nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras). Há, ainda, a articulação de encaminhamentos para a Secretaria de Juventude, Cidadania e Imigrantes (Sejuc).

Reforçou que o atendimento da população em situação de rua é intersetorial e de forma articulada. São realizadas ações conjuntas entre as secretarias municipais com objetivo de garantir serviços socioassistenciais e de saúde, na efetivação dos direitos desta população. A pasta destacou outros serviços da política de saúde realizados pela Prefeitura: Consultório de Rua; Centro de Atenção Psicossocial (Caps); Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD); Unidades Básicas de Saúde (UBS); Unidade de Pronto Atendimento (UPA); Ambulatório DST; e Hospitais.

Atualmente, 204 pessoas em situação de rua são atendidas cotidianamente no Centro Pop, o Centro de Referência Especializado para População de Rua. O local também atende pessoas que estão de passagem por Maringá. No local é realizado um serviço especializado, contribuindo para a construção de projetos de vida e principalmente, respeitando as escolhas de cada usuário e suas necessidades. Há acesso à alimentação e cuidados da higiene pessoal. Para aqueles que desejam o retorno à família, após avaliação da equipe técnica, é concedido o benefício de passagem, além do vale-transporte.

TEATRO PLAZA
Ari Pereira, morador do edifício ao lado do Cine Teatro Plaza, disse que o lacre colocado pela Prefeitura em uma das portas foi destruído momentos depois e famílias e animais tomaram conta do espaço novamente. Ele reconhece que a Prefeitura vem tentando impedir o acesso, mas não consegue. Com isso tem animais juntos e muita sujeira. A entrada principal é pela Praça Raposo Tavares, mas pela lateral da Rua Joubert de Carvalho tem uma outra porta, a de emergência, que está bem vulnerável. É por lá, segundo ele, que os moradores de rua estão entrando.

Sobre o assunto, a Secretaria de Assistência Social informou que o Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas) tem realizado atendimentos constantemente no local. As equipes de abordagem social trabalham para criar, fortalecer e realizar a manutenção dos vínculos com as pessoas em situação de rua para que as mesmas passem a aderir aos encaminhamentos, superando a condição de vulnerabilidade social apresentada. O Seas continuará realizando visitas com o objetivo de sensibilizá-los para aderir aos serviços ofertados e, assim, superar a condição de vulnerabilidade encontrada.

ORIENTAÇÕES
Quanto ao medo de violência, explica que as equipes realizam diversas ações em parceria com a Guarda Civil Municipal, sempre com foco na proteção e defesa dos direitos das pessoas atendidas. Além disso, deixou claro que a pasta não realiza campanhas como a “Não dê esmola”. O município trabalha com ações protetivas e de abordagem social, realizando encaminhamento para a rede de proteção e acolhimento.

A principal orientação para o cidadão que for abordado por uma pessoa em situação de vulnerabilidade social é acionar o Serviço Especializado de Abordagem Social (Seas), que funciona 24 horas, pelo telefone (44) 99103-566. As profissionais vão realizar o atendimento e acolhimento das pessoas e fazer encaminhamentos. Durante as abordagens, caso haja desejo da pessoa, esta é encaminhada para o acolhimento nos abrigos conveniados ao município. Esse atendimento também pode ser acionado por qualquer maringaense que se preocupar com uma pessoa em situação de rua, por meio do telefone (44) 99103-5661.

Victor Cardoso
Foto – Maringá Mais

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