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Você tem o hábito de se justificar?

Você chega atrasado a um compromisso… Você se justifica? Você queima o arroz… Você se justifica? Você atrasa para entregar um trabalho de faculdade… Você se justifica? Você deixou de responder um cliente… Você se justifica?

Sei que, por vezes, não se justificar parece deselegante. Parece até um ato insensato. Porém, frequentemente, a justificativa é só uma maneira de se enganar. E de manter um jogo de aparências com o outro (que, no fundo, sabe que você não está sendo verdadeiro).

Vejamos, o atraso: por que ele aconteceu? Será que você se envolveu em um acidente? O carro parou de funcionar? Ou será que faltou um pouquinho de planejamento e responsabilidade, saindo 10 minutinhos antes do que, teoricamente, seria necessário para chegar no horário?

Geralmente, questiono meu filho sobre as previsões de tempo gasto que ele faz para chegar em algum lugar. Ele gosta de tomar como referência os trajetos do Google Maps. Ali é possível ter uma estimativa de tempo de deslocamento. Tipo, você está em casa e quer ir para o shopping. No Google, você tem uma estimativa do tempo para ir a pé, de bicicleta, de carro…

Porém, por mais eficiente que seja a tecnologia, se você pretende fazer um deslocamento de um lugar para o outro, o tempo estimado pelo Google ou pelo Waze, é só uma referência. Se aparece uma estimativa de 30 minutos de deslocamento, considere sair uns 10 ou 15 minutos antes.

Frequentemente, as justificativas que damos sobre o trânsito, falando de semáforos fechados, muito movimento… São só desculpas. Raramente foi um problema inevitável.

Já o atraso na entrega do trabalho de faculdade, o que motivou? Geralmente escuto dos meus alunos justificativas do tipo: “professor, fiquei doente ontem, passei muito mal, fui parar no hospital; desculpa, não consegui entregar”.

Às vezes, quando ouço esse tipo de desculpa, comento: “ué… por que não fez o trabalho antes? Por que deixou para o último dia?”

O atraso na entrega de um trabalho de faculdade, de um relatório na empresa, da apresentação de um planejamento, a negligência na resposta a um cliente… Geralmente isso acontece por procrastinação, falta de atenção, planejamento e, principalmente, compromisso.

Mas cadê a coragem para dizer: “eu deixei para última hora, eu não anotei, foi falha minha!”?

O escritor Bernard Roth afirma que “justificativas em geral são apenas desculpas. Nós as usamos para esconder nossos defeitos de nós mesmos.” Ele também diz que “justificativas são conversa fiada”. E embora essa afirmação possa parecer hostil, trata-se de uma posição categórica para que reconheçamos que é preciso parar de arrumar desculpas e começar a assumir o controle de nossa vida.

Segundo Roth, “as justificativas existem porque, se as pessoas não explicassem seus comportamentos, elas pareceriam insensatas. Então estamos diante de um paradoxo: precisamos de justificativas para parecermos sensatos; no entanto, [quando nos justificamos], não estamos nos responsabilizando por completo pelo nosso comportamento.”

E este é o nosso grande desafio: abandonar as justificativas; usá-las apenas quando realmente são justas. Se não fizermos isso, nunca nos responsabilizaremos por completo por nosso comportamento e perderemos a chance que a vida nos apresenta todos os dias de agirmos melhor, de fazermos melhor. 

Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação

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