A palavra Carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é “retirar a carne”, sentido relacionado ao jejum que deveria ser realizado durante a Quaresma e também ao controle dos prazeres.
A origem perde-se na poeira dos tempos, inicialmente entre os egípcios, em festa de homenagem a Ísis, mais tarde entre os judeus, os gregos, os romanos (as saturnais) até quando a Igreja o aceitou… Posteriormente, passou a ter aspectos mais amplos e Paris encarregou-se de divulgá-lo ao mundo.
Atualmente, o Brasil é o grande campeão do Carnaval, e, segundo o Guinness Book, o do Rio de Janeiro é o maior do planeta, com dois milhões e duzentos mil foliões, seguido pelo de Salvador, Recife, Olinda…
O Carnaval, em si, não é o responsável pelos descalabros a que parte da sociedade se permite, mas, sim, a oportunidade para desvelar-se, cada qual, da persona que lhe oculta o ser profundo.
Objetivando ser uma catarse a muitos conflitos, momento de liberar-se da melancolia, de distrair-se, de sorrir e bailar, quase numa peculiar maneira de terapia do júbilo, os instintos primários assumiram o comando do indivíduo, fazendo-o liberar-se das paixões inferiores, por intermédio do exibicionismo e do total abuso sexual.
Ao mesmo tempo, a fim de contrabalançar os limites orgânicos, as libações alcoólicas, as drogas de estímulo com graves consequências, os relacionamentos apaixonados e perigosos, a violência que se faz liberada pelos transtornos da personalidade.
Considerando-se a falsa finalidade do Carnaval, a festa em si mesma proporciona alegria, liberação de pequenos traumas, diverte, desde que vivenciada com equilíbrio e moderação.
Transformada, porém, em elemento de sensualidade e de exorbitância do prazer, produz mais danos que satisfações, porquanto, logo passa, mas os hábitos e licenças morais permanecem, transformando a existência em um carnaval sem sentido, mais animalizando os seus adeptos.
Completando este texto, adaptado de outro com opinião de Divaldo Pereira Franco, e publicado em 2017 no Jornal a Tarde de Salvador- BA, apresentamos outro resumo do mesmo autor, falando do pós-carnaval:
Um amigo jovial, na quarta-feira de cinzas, disse-me: é o dia em que os foliões correm aos bancos, a fim de terem dimensão dos gastos, transferindo contas e tentando deter cobranças.
Do ponto de vista psicológico, parece-me que os efeitos são mais profundos e perturbadores, porquanto muitos indivíduos que se permitiram exageros estão despertando para a realidade e constatam que o Carnaval terminou, agora são outros os compromissos e responsabilidades.
Aqueles dias que se multiplicaram em razão da exorbitância do prazer deixam sinais graves e conflitos mais complexos do que a catarse daqueles que antes se apresentavam com sede de gozo, não totalmente saciada.
Distúrbios emocionais na afetividade apresentam-se, a exaustão se prolonga, as decepções e desencantos multiplicam-se, as enfermidades desgastantes aparecem e todo um cortejo de inquietações se manifesta.
Sucede que a luxúria, a promiscuidade, os excessos de qualquer natureza, por mais que sejam experienciados, mais atormentam as suas vítimas, exigindo-lhes continuidade até a perda do sentido existencial.
A vida física não é um banquete no bosque da ilusão ou na ilha da fantasia sexual, mas se trata de um compromisso com a imortalidade do ser, que se encontra em processo de desenvolvimento dos valores divinos nele ínsitos, que necessitam exteriorizar-se, a fim de proporcionar a iluminação.
E para terminador, penso (Akino), que carnaval é uma festa, fonte de renda com turismo, gerando empregos. Levantamento recente aponta que o Carnaval previsão de movimentação, em todo o Brasil, R$ 8,18 bilhões em receitas, uma expansão de 26,9% em relação a igual período do ano passado. Mas o lado material não pode suplantar o espiritual e as observações de Divaldo são oportunas. Participemos, ou apreciemos sempre com moderação, recomenda-se.
Akino Maringá, colaborador
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