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A falácia da ameaça comunista

Maílson da Nóbrega, nascido numa cidade de dois mil habitantes no interior da Paraíba, aposentado do Banco do Brasil, como eu, chegou a comandar a política econômica do Brasil e hoje é palestrante e consultor econômico.

É dele artigo do com o título acima, publicado na Veja, edição de 31 de agosto de 2022, que aqui resumimos, a propósito de postagens e vídeos que até hoje circulam nas redes sociais, dando conta de que o Brasil, com a vitória do Presidente Lula, está ameaçado pela implantação do comunismo (do latim communis) é um sistema ideológico e um movimento político, filosófico, social e econômico cujo objetivo final é o estabelecimento de uma uma ordem socioeconômica estruturada sob as ideias de igualitarismo, propriedade comum dos meios de produção e na ausência de classes.

Destacou, o articulista, que a possibilidade de vitória do então candidato Lula, havia reacendido velhos mitos sobre ameaças às liberdades individuais e à estatização total do país. Passaríamos a viver os tempos da revolução bolchevista, de 1917, da qual nasceram a União Soviética e o regime comunista na Rússia. Assim dizia, o então presidente Jair Bolsonaro: “Peço a Deus que os brasileiros não experimentem as dores do comunismo”, e muitos incautos caíram nessa lorota.

O comunismo, prossegui Mailson, prometia a abundância, mas eliminou o mercado livre e aboliu a propriedade privada, tornando aquele objetivo uma mera utopia. Os preços eram fixados pelo governo, e não pela lei da oferta e da procura. Perdia-se a referência do sistema de preços como gerador de decisões. Inexistiam incentivos à inovação, que é a fonte básica de ganhos de produtividade e, assim, de expansão da economia, do emprego, da renda e do bem-estar nas sociedades capitalistas.

O colapso da União Soviética (1991) derivou, em grande parte, da incapacidade de ofertar adequadamente alimentos e outros bens de consumo. As imensas filas refletiam a escassez e o racionamento. O mercado negro equivalia a 10% do PIB. Até os anos 1960, a economia crescia pelo impulso da indústria de base, particularmente da manufatura de aço, da fabricação de armas e da corrida espacial. A produção siderúrgica avançava rapidamente e tendia a superar a americana.

Na época, acreditava-se que fabricar aço em larga escala era sinal de pujança da economia. Mais tarde, viu-se que o vigor da siderurgia comunista retratava ineficiências. O trator soviético pesava oito vezes mais do que o americano. O comunismo era um sistema inferior.
No livro Camaradas-Uma História do Comunismo Mundial, o historiador britânico Robert Service mostrou que os soviéticos “jamais conseguiram superar ressentimentos sociais ou o apático desinteresse popular por seus objetivos”.

E mais: “perseguiram as religiões sem conseguir eliminá-las. A ordem abaixo da liderança política tinha de se adaptar a certo grau de desobediência e obscurantismo sem igual nas democracias liberais”. Para se sustentar, o regime se tornou opressivo. São muitas as razões, portanto, que explicam o fracasso do comunismo, que hoje sobrevive como tal em apenas dois países pobres, Cuba e Coreia do Norte.
Pessoas esclarecidas se deixaram e ainda deixam se influenciam pela lenda. Não levam em conta que nossa sociedade é majoritariamente conservadora e jamais abdicaria da liberdade de falar, de ir e vir, e de decidir seu próprio futuro.

Uma imprensa vigilante seria um contraponto à ameaça. O comunismo requereria alterar a Constituição, o que depende do apoio de dois terços dos votos de cada uma das Casas do Congresso , com o objetivo de eliminar a liberdade de expressão e outros direitos e garantias iluministas.

A esquerda nunca passou de 30% da Câmara e do Senado. Somente os mal informados podem temer o comunismo no Brasil, mas os mal-intencionados teimam em dizer que podemos virar uma ditadura como Cuba ou Venezuela, por exemplo. Isto não passa de uma falácia

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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