Sem atender alunos da rede municipal desde 2018, o Centro Municipal de Educação Infantil Desembargador Zeferino Mozzato Krukoski, localizado no Conjunto João de Barros – Thaís, segue fechado esperando sua reforma e ampliação, obra planejada pela Prefeitura de Maringá para ser entregue à população em 2021, mais precisamente no dia 9 de novembro.
No estabelecimento de ensino, que atendia 150 crianças, o que se vê são paredes demolidas e nenhum vestígio de construção. Pelo contrário, o local está abandonado, deteriorado e trazendo, há quase cinco anos, problemas de locomoção para os pais dos alunos e de saúde para os moradores. Muitos dizem ter contraído dengue pela falta de cuidados e manutenção do que restou do prédio, que não tem data para iniciar a reforma e nem prazo estipulado para ser entregue em pleno funcionamento à população, que com razão reclama da demora.
Dona Noêmia Tavares de Lima, moradora do bairro, diz que desde antes da pandemia o imóvel permanece do mesmo jeito. “Essa obra está parada há anos e não evoluiu nada, só trouxe problemas para nós. Meu neto, Antonio Alves Santana, hoje está com sete anos e estudando na escola, antes ele ficava nessa creche e era muito bom. Com o fechamento e a transferência dos alunos para outros locais, tivemos que dar um jeito para levar e buscar até uma creche no Ney Braga. Pensei que seria um serviço rápido, mas meu neto até concluiu a educação infantil em outra creche e hoje já está no segundo ano da escola. Um absurdo.”, diz revoltada.
A maior reclamação dos pais é justamente o transporte para levar e buscar as crianças que foram remanejadas para outras creches do município. Muita gente que não tem meio de locomoção paga van escolar para o deslocamento do aluno. “Sou diarista e moro na frente da creche, era bom para o meu filho e para mim, que atravessava a rua e estava lá. Mas com essa bendita reforma, que nem começou, pago transporte escolar há mais de quatro anos para levar e buscar em outra creche. Complicou muito o orçamento, mas tenho que fazer isso porque trabalho limpando casas o dia todo e não tenho onde deixar o menino. Vou gastar com a van mais alguns anos, porque não vemos nada de construção”, relata Maria Aparecida.
A Prefeitura de Maringá, por meio da Secretaria de Obras (Semop), explica que a empresa vencedora do processo licitatório para execução das obras do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Des. Zeferino Mozzato Krukoski não avançou com o trabalho, descumprindo as cláusulas contratuais e o cronograma de execução dos serviços. Dessa forma, para garantir a prestação do serviço de qualidade à comunidade, o município rescindiu o contrato com a empresa. A Prefeitura realiza a revisão da documentação e elabora novo orçamento para abertura de uma nova licitação e retomada da obra.
No local, o planejamento inicial, era fazer a reforma de 640,19 metros quadrados e ampliação de 2.098,79 metros quadrados. O CMEI ganharia três novas salas de aula, ampliação das salas já existentes, reforma do refeitório, depósito de alimentos, lavanderia, construção de sala de descanso para servidores, novo estacionamento e reforma do setor administrativo. O valor de quase R$ 3,750 milhões que seria destinado para a obra era de recurso próprio do município.
Até que seja realizada uma nova licitação, contratada a empresa e iniciada a reforma, os moradores optam por outras alternativas. “Quando falaram que iriam fechar o local para reformar eu estava com meu filho bebê e já tinha dado o nome dele para a vaga. Hoje meu menino tem seis anos e nunca estudou na creche que é bem perto de casa. Não usamos o local nem antes de fechar e nunca vamos usar com as melhorias prometidas”, fala Gisele de Souza.
Enquanto os anos passam, o local vai se degradando e os pais de alunos se adaptando, os pedidos de urgência para a reabertura da creche continuam. “As crianças que estudavam no CMEI Zeferino foram transferidas para outras creches, algumas já estão no Ensino Fundamental, e as mais novas já iniciaram a vida escolar em outros bairros, perdendo a convivência com amiguinhos da localidade por serem obrigados a estudarem com pessoas que moram em outras localidades. Meu neto não queria mais voltar para a escola aqui da frente de casa, pois a maioria dos coleguinhas da creche era do Ney Braga e outros bairros lá pra cima. Aqui, do Thais e Hortência, ele não conhece quase ninguém. Mas agora, graças a Deus, está se entrosando com os alunos da Escola Municipal Ulysses Guimarães que funciona do lado da creche Zeferino”, finaliza dona Noêmia.
Redação Jornal do Povo
Foto – Jornal do Povo