Você pensa sobre a morte? Já percebeu que algo morre em nós a cada instante?
Dias atrás, enquanto lia uma obra do filósofo francês Luc Ferry, uma frase dele chamou minha atenção. Ferry diz: “tudo o que é da ordem do ‘nunca mais’ pertence ao registro da morte.”
Depois de ler essa frase, minha mente viajou… Afinal, todo instante presente torna-se um “nunca mais”.
Este momento que você está vivendo agora, enquanto lê este texto, deixará de existir. Você poderá guardar o jornal, ler novamente quantas vezes quiser, mas não trará de volta o agora. Este instante não poderá ser recuperado. Este instante morre.
Quando paramos para pensar que o “nunca mais” pertence ao registro da morte, percebemos o valor de cada instante vivido. O minuto que você tem agora importa. Mas o “nunca mais” se estende a tudo que vivemos.
O tempo no colo dos pais nunca mais será revivido. A infância, os anos de escola, as brincadeiras de criança… A adolescência, o primeiro namoro… Tudo torna-se “nunca mais”. Tudo pertence ao registro da morte.
Se você é adulto, uma parte importante de você já morreu. Nada traz de volta o que já foi vivido.
Claro que isso tem um lado bom. Afinal, muita coisa que ficou no passado gostaríamos inclusive de esquecer.
Porém, confesso que lembrar que as conversas com amigos da adolescência, as brincadeiras com os primos, ter meus filhos pequenos no colo… Lembrar que tudo isso faz parte do “nunca mais”, causa um aperto no coração.
E é com esse aperto no coração que sinto a necessidade de valorizar cada instante.
Saber que cada encontro que tenho com meu velho pai se torna um “nunca mais” assim que o deixo… Saber que cada vídeo-chamada com minha mãe é da ordem do “nunca mais” assim que desligo, acende o alerta da urgência de viver o momento presente.
Nada na vida é recuperável; o tempo passado é morte.
Por isso, quero deixar para você algumas sugestões:
Primeira, presentifique-se em cada momento da vida. Esteja presente no aqui e agora. Não viva o agora olhando para os lados, para o que falta ou para o que vai acontecer no futuro.
A segunda-feira de trabalho é vida tanto quanto a sexta-feira do “sextou”. Os minutos ou horas no trânsito são vida tanto quanto o encontro com os amigos. Os dias difíceis do presente são vida tanto quanto serão os dias de bonança amanhã.
O futuro importa, é claro. Mas o futuro só será uma bênção se a vida for vivida hoje.
Segunda sugestão, não desperdice o tempo… Se tudo se torna um nunca mais, e o nunca mais pertence ao registro da morte, use o tempo com sabedoria.
Frequentemente, deixamos a vida escapar dedicando tempo e atenção em coisas que não produzem crescimento, boas memórias e tampouco conexões positivas.
Terceira sugestão, valorize as pessoas. Nada importa mais do que as pessoas… Se cada instante é para nunca mais, que cada instante de vida seja para plantar “sementes do bem” em corações em que memórias boas permanecerão vivas.
Por fim, ainda que tudo o que já foi vivido seja passado, não viva em função do que passou. O “nunca mais” tem valor como boas memórias e como experiências para o instante presente. Não pode ser um peso que gera lamentações, culpa ou saudosismo. Do contrário, o presente se tornará parte desse registro de morte, mas como vida não vivida.
E a vida não vivida é a rejeição do maior presente que Deus nos deu: a oportunidade de sermos obras de arte do Criador.
Portanto, a reflexão sobre a mortalidade e o valor de cada instante vivido é importante para que possamos nos conscientizar da urgência de viver o momento presente com sabedoria, valorizando as pessoas e dedicando tempo e atenção em coisas que produzem crescimento, boas memórias e conexões positivas. Devemos deixar para trás as lamentações, culpa e saudosismo em relação ao passado e abraçar a vida como uma obra de arte em constante evolução.
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Ronaldo Nezo
Comunicador Social
Especialista em Psicopedagogia
Mestre em Letras | Doutor em Educação
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