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Nem céu nem inferno

 Um desses amigos, espirituosos, postou: ‘Não importa se vou para o céu ou para o inferno. Tenho amigos nos dois lugares .’

 Não resisti e comentei: Nem céu, nem inferno, todos iremos para o Mundo Espiritual, onde há regiões boas, e outras nem tanto.

         A Doutrina Espírita nos ensina que muitos  passaremos pelo chamado umbral  que, como a  palavra diz, significa a porta de entrada para  a dimensão espiritual.

        No livro  que virou filme, Nosso Lar, o Espirito André Luiz, que segundo informações do médium Chico Xavier, foi o médico sanitarista Carlos Chagas, desencarnado em 1934, descreve os oito anos e meio que passou no umbral, o socorro e vida na Colônia . Eis um resumo:

        ‘Tinha a impressão de haver perdido a ideia de tempo e espaço. Estava convicto de não mais pertencer ao mundo dos encarnados e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos.

Tornara joguete de forças irresistíveis. Sentia-me amargurado  nas grades escuras do horror.  Gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente. A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta.

Atormentava-me a consciência: preferiria a ausência total da razão, o não-ser. Minutos raros, felicitava-me a bênção do sono. Seres monstruosos acordavam-me, irônicos; era imprescindível fugir deles. Em momento algum, o problema religioso surgiu tão profundo a meus olhos, mas urgia reconhecer que a humanidade não se constitui de gerações transitórias e sim de Espíritos eternos, a caminho de gloriosa destinação. Verificava que alguma coisa permanece. Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem.

 Era tarde demais, conhecia as letras do Velho Testamento e algumas vezes folheara o Evangelho, sem nunca procurar as letras sagradas com a luz do coração. Interpretava-as   sem sair jamais do círculo de contradições, onde estacionara voluntariamente.

“Suicida! Suicida! Criminoso! Infame!” – gritos assim, cercavam-me de todos os lados. Gargalhadas sarcásticas feriam-me os ouvidos, enquanto os vultos negros desapareciam na sombra. Mais tarde, já socorrido e hospitalizado questionei: Suicídio?

– Creio que haja engano. Lutei  na Casa de Saúde, tentando vencer a morte. Sofri duas operações graves, devido a oclusão intestinal… – Sim, esclareceu o médico que me atendia, mas a oclusão vinha  do organismo espiritual que apresenta a história completa das ações praticadas no mundo. E  indicou determinados pontos do meu corpo:

No intestino a oclusão derivava de elementos cancerosos, fruto de  leviandades, no campo da sífilis. A moléstia talvez não fosse tão grave, se o seu procedimento mental  estivesse  na fraternidade. Mas seu modo de conviver, exasperado e sombrio, captava destruidoras vibrações naqueles que o ouviam.

 Nunca pensou que a cólera gerasse forças negativas para nós mesmos? Sem  autodomínio no trato com os semelhantes, que muitas vezes ofendeu sem refletir,  era  conduzido à esfera dos seres doentes e inferiores. Isso agravou o seu estado físico.  Já observou, que seu fígado foi maltratado pela sua própria ação; que os rins foram esquecidos, com menosprezo às dádivas sagradas?

Os órgãos do corpo físico possuem incalculáveis reservas. A longa tarefa, que lhe foi confiada, foi reduzida a meras tentativas de trabalho. Seu aparelho gástrico foi destruído por excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância. A sífilis consumiu energias essenciais. Como vê, o suicídio é incontestável.

Meditei, que na vida humana, conseguia ajustar máscaras ao rosto, conforme as situações.  Não imaginava que me seriam pedidas contas de episódios simples, que considerava sem maior significação. (…)’

Concluindo, nem o céu nem o inferno, definitivos, como as religiões tradicionais nos apresentam, serão o nosso destino após morte física. O texto nos dá uma ideia. Complemente lendo  o Livro e assistindo ao filme, disponíveis gratuitamente na internet, via google e  https://www.youtube.com/ Nosso Lar ( Chico Xavier.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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