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Cobiçados(as) do Banco do Brasil

Fundado em 12 de outubro de 1808, o Banco do Brasil é um orgulho para muitos brasileiros que, como eu, foram funcionários nos áureos tempos e até hoje.

Há muito pensava em escrever uma crônica , mas esbarrava no risco do autoelogio, até conhecer um texto de Walmir Rosário, publicado no Bahiajá de Canavieras-BA, que resumo, alterando o título original: ‘Os cobiçados rapazes do Banco do Brasil’, para não parecer machista:
‘O Banco do Brasil sempre foi considerado uma instituição singular, de prestígio em todo o país. Queiram ou não, era bem diferente dos demais bancos, na seleção de seus funcionários. Estes somente eram admitidos por concurso nacional muito concorrido. Valia à pena, por ser um emprego pra vida toda, até a sonhada aposentadoria.

Admitido, o funcionário do BB era considerado um ser diferente, quem sabe superior, na hierarquia social, tanto pelo prestígio que gozava na sociedade e pelo contracheque, apelidado de espelho, recheados de cruzeiros, cruzados ou reais, em comparação aos salários pagos pelos bancos privados, também considerados bons.

E somente ingressavam no quadro de funcionários rapazes e moças cujo desempenho no concurso fosse bem acima da média. Uma prova comparável com os temidos vestibulares. Língua portuguesa, com questões difíceis de gramática; história, e a mais temida, a matemática. Mas não bastava. Quem não fosse ágil em datilografia seria reprovado .

Lembro dos meus tempos de menino, em que ficava deslumbrado ao entrar na agência de Itabuna (BA) e apreciar os lépidos funcionários datilografando contratos ou outros serviços. Mas além de “bater a máquina”, ficávamos embevecidos com o cálculo feitos na máquina facit manual, com as teclas numéricas e manivelas girando para frente e para trás, era um espetáculo para nós garotos.

Nem precisaria comentar, mas os funcionários do BB chamavam a atenção por serem considerados moços de alto partido pelas donzelas casadoiras, que se postavam nas janelas de suas casas no horário em que eles encerravam o expediente. Era um festival de suspiros quando eles passavam, muitas vezes marcados por troca de olhares e algumas frases galanteadoras. Melhores partidos não havia nas cidades.

Mas para alcançarem esse status eram obrigados a abrir mão de certos comportamentos e enfrentarem algumas mudanças na vida. Como o Concurso era nacional, na maioria das vezes tomavam posse no cargo em cidades e estados distantes de onde moravam. Tinham que enfrentar as famosas repúblicas (morada coletiva) até que constituíssem família ou conseguissem uma transferência para a cidade de origem.

De Canavieiras(BA) guardo boas recordações do BB, e muitos velhos e bons amigos. Num desses concursos, uma turma da zona sul do Rio de Janeiro foi aprovada e escolheu Canavieiras, praiana e quando aqui chegaram descobriram que a cidade não dispunha de energia elétrica, ruas calçadas, boates refinadas, enfim, a vida carioca. Com prestígio, conseguiriam logo transferência para a terra de origem, e na partida resolveram prestar uma homenagem à cidade que os acolhera.Na escada do avião e um deles volta para o esperado discurso de despedida, que ‘Boinha Cavaquinho’ lembra até hoje: “Canavieiras, Canavieiras, terra dos coqueirais,vai pra ‘pqp’, que aqui não volto mais”.’
O complemento com resumo da minha história: Tomei posse em Cascavel, passei por Nova Esperança, fui promovido na instalação de Terra Rica no PR, Aventurei-me em Sinop-MT, de onde ao sair poderia ter cantado: ‘Sinop malariosa, cheia de encantos mil(…) és o *( palavrão de cantávamos, após umas cervejas) do meu Brasil.

Voltei para Iporã-PR, fui a Icó- CE,retornei a Caarapó-MS. Fui gerente em Irituia- PA, São João do Ivaí, Paraíso do Norte- PR, aposentando em Maringá-PR.

‘Rapaz cobiçado’? Não sei, pois já namorava, antes de passar no concurso, com a moça, esposa até hoje. Meu sogro disse, talvez com razão, que o emprego seria equivalente a uma fazendinha.

Akino Maringá, colaborador
Foto – Reprodução

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