Sete regiões de Maringá, todas da Zona Norte, estão com os índices de infestação da dengue acima dos 4%, o que significa risco, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Consequentemente, conforme publicado na semana passada, no 2º Levantamento de Índice de Infestação do Aedes Aegypti (Lira) de 2023, quase 40% caiu em relação ao mesmo período do ano passado. Dessa maneira, na média, a Cidade tem focos do mosquito transmissor da dengue em 2,9% dos imóveis visitados pelos agentes de endemias, o que é apontado como risco médio. No mesmo período, em 2022, eram 4,8%.
Na região da UBS Tuiuti, o índice está em 4,19% e 34 casos da doença foram constatados. Já no Jardim Alvorada I são 27 casos e um índice de 4,2% de infestação. No Alvorada II, são 32 casos confirmados e 4,37% de infestação. No Piatã, 4,56% das casas têm focos do mosquito e 36 casos de dengue foram comprovados. Já na região da UBS Requião-Guiapó são 42 casos da doença e 4,6% de infestação. No Jardim Pinheiros, são 52 casos e índice de 4,62%, e na região da UBS Morangueira, o índice de infestação chega a 6,8% com 22 casos confirmados.
De acordo com o gerente de Zoonozes da Secretaria de Saúde, Eduardo Alcântara, existem alguns motivos que fazem os bairros terem um índice de infestação mais alto do que o restante do município. “Normalmente, é a estrutura dos imóveis, o tipo de residência, a conservação dos quintais e das calçadas. São bairros mais antigos da cidade, então, envolve questões sociais e estruturais dali, além da presença dos fundos de vale, é uma região de muito descarte de lixo em fundo de vale.”
Porém, a preocupação não está somente na região norte. Em alguns bairros onde têm sido encontrados muito menos focos de dengue, a quantia de casos da doença é alta. Com isso, o Jardim Quebec tem 53 casos confirmados de dengue, mas os focos foram identificados em apenas 1,2% dos imóveis, o que é bem perto do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como baixo risco, abaixo de 1%.
“O que nós avaliamos no Lira é a quantidade de larvas encontradas no mosquito, não necessariamente é o vírus circulando lá. O levantamento nos ajuda a tomar ações precoces antes que haja a circulação viral, então, essas providências são baseadas em várias informações: número de casos, incidência e quantidade de larvas. Isso nos ajuda a saber para onde direcionar as ações”, afirma o gerente de Zoonozes.
LIRA
O Lira foi realizado entre os dias 10 e 14 de abril e o detalhamento foi apresentado ontem. Pequenos depósitos de móveis, como casos de plantas, recipientes de degelo nas geladeiras, bebedouros e materiais de construção demonstram 44,67% dos locais onde as larvas do mosquito transmissor da dengue foram encontradas. Além disso, lixo doméstico, como recipientes plásticos, garrafas, latinhas e entulho, equivalem outros 35,25%.
Para tentar conter a situação, a prefeitura tem feito mutirões, pois no decorrer das visitas semanais, metade dos imóveis visitados estão fechados. Os atos são realizados em parceria com as secretarias de fiscalização, que aciona os donos dos terrenos com mato alto e imóveis abandonados e de limpeza urbana, que faz o recolhimento do lixo jogado em fundos de vale e nas casas de acumuladores, entretanto, o secretário de saúde, Clóvis Melo, revela que sem a mudança de hábitos da população, dificilmente o problema será resolvido.
“Não podemos baixar a guarda. O mosquito é endêmico na região. Além da dengue, ele transmite chikungunya, zika… então, nós temos que ficar atentos e seguir fazendo a limpeza dos nossos quintais”, afirmou o gerente de Zoonozes, Eduardo Alcântara.
Ainda segundo ele, a dengue é uma doença que pode agravar, inclusive pode levar a óbito. “Até o momento não tivemos nenhum óbito. Gostaríamos de continuar assim. A gente pede, então, a contribuição da população.”
Em Maringá, um caso de morte por dengue está sendo investigado e também um caso de chikuyngunya, porém, nenhum dos dois ainda foi confirmado pela epidemiologia.
Maynara Guapo
Foto – Reprodução